sexta-feira, 30 de setembro de 2011

A CRISE MUNDIAL EM ANGOLA


Imagem do dia de Armando Pululo no JA

JOSÉ RIBEIRO – JORNAL DE ANGOLA, opinião

A Palavra do Director
 
O mundo está mergulhado numa crise profunda. Em algumas áreas do globo existem países com grandes e graves problemas económicos, políticos e sociais. Os especialistas sabem que num ambiente de penúria generalizada a conflitualidade aumenta até níveis que podem degenerar em guerras.

A Bolsa de Nova Iorque registou perdas nos últimos quatro anos que não têm paralelo nem na Grande Depressão que afectou os EUA, e por arrasto o resto do mundo, em 1929. Apesar deste quadro, são pobres as medidas para o alterar de forma sustentável. A regulação financeira e dos mercados com regras de transparência de boa governação, que tanto se pede a países como Angola que respeitem, simplesmente não existiu de maneira séria na Europa e Estados Unidos. Daí veio toda a responsabilidade da crise actual.

Em Angola a economia também sofre com o que se passa no resto do mundo. Mas o Executivo tem feito o possível e o impossível para que os angolanos não sintam profundamente a chicotada da crise, sobretudo as camadas mais vulneráveis da população.

O quadro geral em Angola continua a melhorar. Afirmar isto não é bajular. Vejam os últimos relatórios sobre o crescimento e a competitividade das economias no mundo divulgados pelo Fórum Económico Mundial. Vejam os sectores em que Angola era fraca e agora é forte. Não se olhe apenas para o “ranking”, onde o universo de países pode ser maior ou menor, o que altera a posição de cada um. Veja-se o “score”, o valor do aumento ou diminuição da avaliação.

Mesmo em termos de “ranking”, para quem sabe ler relatórios, em relação à competitividade há claramente áreas em que Angola estava na cauda da tabela há alguns anos e agora está a meio, ultrapassando muitos países. O estágio de desenvolvimento em que Angola está agora colocada pelo Fórum Económico Mundial é diferente do passado. O gráfico que compara a média de crescimento angolano à média dos países da África Subsaariana entre 2002 e 2010 é revelador do potencial conseguido.

A crise nas economias da Europa e dos Estados Unidos é visível pelas perdas anuais que as Bolsas de Valores registam. Angola, felizmente, ainda não tem uma Bolsa de Valores onde as empresas se podem financiar, mas também perder milhares de milhões à hora. Os nossos empresários continuam a desenvolver os seus projectos com créditos bancários, porque a Banca angolana está firme e tem dinheiro para pôr a economia a funcionar, na indústria, no comércio, nos serviços e na agricultura.

Lula da Silva defende que a crise que assola o mundo nasceu nos EUA com a falência dos bancos e de grandes empresas financeiras americanas. E diz que a economia americana agora tenta sair da crise à custa da Europa. O antigo Presidente do Brasil diz a verdade, mas falta um pormenor. A Europa está a ser arrastada pelos EUA e os dois juntos tentam desesperadamente resolver o problema de uma maneira que não é a mais certa.

Angola já teve a sua dose com a guerra, o tempo perdido, a miséria. Em comparação com o que se passa no resto do mundo, vive apenas o seu “milagre” histórico, social e económico. Se alguém tem dúvidas, tem que ver melhor o que se passa lá fora. Em Angola temos dificuldades, muitos angolanos ainda vivem na pobreza, mas a vida continua a melhorar de dia para dia. Em Angola o Executivo tem sido pragmático na defesa dos interesses nacionais. Não vale a pena esticar a corda. A História de Angola demonstra que não é com fundamentalismos ou ataques baixos aos dirigentes que se conseguem os intentos.

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