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Lisboa, 19 set (Lusa) -- Os casos de "meninas e mulheres desaparecidas" ascendem a 3,9 milhões por ano nos países em desenvolvimento, com destaque para a China e para a Índia, alerta um relatório do Banco Mundial (BM) hoje divulgado.
O conceito de excesso de mortes femininas num dado ano representa o número de mulheres que não teriam morrido no ano anterior caso vivessem num país de rendimentos elevados, explica o relatório. Para quantificar os casos de "desaparecimento de meninas e mulheres", a instituição estimou o excesso de mortes femininas, em cada faixa etária, para cada país analisado em 1990, 2000 e 2008.
Em termos globais, o excesso de mortalidade feminina de mulheres desaparecidas no nascimento e na vida adulta corresponde a 3,9 milhões de pessoas por ano: 40 por cento não chegam a nascer, 20 por cento são dadas como desaparecidas durante a infância e a adolescência e, nos outros 40 por cento, isso acontece na faixa etária entre os 15 e os 59 anos.
De acordo com a edição 2012 do relatório do Banco Mundial sobre o desenvolvimento, subordinado este ano ao tema da igualdade de género, a China e a Índia continuam a ser os países com mais casos de "mulheres desaparecidas", embora este número tenha diminuído na China entre 1990 e 2008, ao contrário do verificado na Índia. O fenómeno também é "visível no Cáucaso e nos Balcãs Ocidentais".
O desaparecimento de meninas no nascimento, considera o documento, "reflete uma discriminação aberta nos lares, resultado da combinação de preferências por filhos com o declínio da fertilidade e o crescimento das tecnologias que permitem aos pais saber o sexo dos filhos antes do nascimento", explicações particularmente visíveis na China e no Norte da Índia.
A diferença nas taxas relativas à morte de raparigas e mulheres comparadas com as masculinas é mais elevada nos países de baixos e médios rendimentos, aponta a instituição liderada por Robert Zoellick.
"O crescimento [económico] não faz o problema desaparecer: entre 1990 e 2008, o número de meninas desaparecidas ao nascimento e o excesso de mortalidade feminina após o nascimento não mudou muito", aponta o Banco Mundial, explicando que "os declínios durante a infância foram apagados por aumentos dramáticos na África Subsaariana nas idades reprodutivas."
O documento esclarece que "uma parte deste aumento se deve ao crescimento das populações" mas "ao contrário da Ásia, em que os casos de desaparecimentos de mulheres ajustados à população caíram em todos os países, a maioria dos países subsariaanos registaram poucas mudanças no novo milénio", um fenómeno que se agravou bastante nos países mais duramente afetados pelo vírus da sida.
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