quinta-feira, 8 de setembro de 2011

Moçambique: LÍDERES RELIGIOSOS UNEM ESFORÇOS NO COMBATE À MALÁRIA




EMYP - LUSA

Chokwè, Gaza, 07 set (lusa) - Mais de oitenta líderes de diferentes religiões da província de Gaza, sul de Moçambique, receberam formação sobre combate à malária, uma iniciativa que visa reduzir o número de infeções na região, através da mudança de comportamentos das comunidades locais.

O Projeto Integrado de Controlo de Malária na região de Chokwè (PICMC), é uma iniciativa do Instituto de Higiene e Medicina Tropical de Lisboa, em parceria com a ONG portuguesa Médicos do Mundo.

O PICMC tem agora o apoio do Programa Inter Religioso Contra a Malária (PIRCOM), com vista à transmissão de conhecimentos sobre a prevenção e tratamento da malária por via de um sistema hierárquico de influência comunitária.

"O nosso projeto tem como um dos seus objetivos na área comunitária fazer a formação dos grupos chave, aqueles grupos que podem provocar a mudança de comportamentos da comunidade, por isso, usamos a experiência do PIRCOM", disse à lusa Rita Chico, coordenadora do PICMC.

O PIRCOM é um movimento que nasceu em Moçambique, em 2006, e que congrega diferentes religiões, como católica, muçulmana, e anglicana, entre outras, no combate à malária.

"Na província da Zambézia, que foi o primeiro sítio onde se instalou o movimento, nós vimos a redução (de casos de malária) onde o PIRCOM está a trabalhar" disse à Lusa o bispo anglicano Dinis Sengulane, diretor do PIRCOM.

"Tenho encontrado pessoas que me dizem que houve uma redução de 40 a 50 por cento de casos de malária graças ao uso dos métodos que foram aqui divulgados", revelou o bispo Sengulane.

"Nesta formação aprendemos muito com líderes comunitários na parte de prevenção e combate à malária, na parte de pulverização e redes mosquiteiras", defendeu Rodésia Manique, uma das formandas.

Para o dirigente da PIRCOM, o facto de estarem reunidos num só espaço diferentes religiões no combate contra a malária é sinal de que este é um "problema da humanidade".

"O nosso criador não quer esta coisa que está a acontecer aqui. O que nós podemos fazer para restaurar a agenda do nosso criador? É preciso saber qual é a nossa agenda comum, e esta é a nossa agenda", disse Sengulane.

Há três anos a operar em quatro distritos da província de Gaza, o PICMC conta com um orçamento de cerca de três milhões de euros, co-financiados em cerca de 90 por cento pela União Europeia, projeto que, caso não seja prolongado, termina em março do próximo ano.

"Apoiamos todas as atividades do governo moçambicano na prevenção e controle da malária, e essas atividades incluem a pulverização domiciliária, a distribuição de redes mosquiteiras, a formação dos grupos chave na comunidade, formações de técnicos laboratoriais e clínicos", explicou Rita Chico.

"Juntar um instituto de investigação com uma ONG portuguesa com experiência de intervenção na comunidade é um casamento perfeito, porque faz com que tenhamos todas as atividades integradas para o benefício da população", concluiu.

*Foto em Lusa

Sem comentários:

Mais lidas da semana