VIOLETA MOURA, da Agência Lusa
Qalândia, 17 set (Lusa) - Ativistas israelitas e palestinianas manifestaram-se hoje simultaneamente dos dois lados do muro de separação israelita pela "independência e solidariedade com a Palestina".
Israelitas e palestinianas caminharam a partir das 11:00 locais em direção ao checkpoint de Qalandia, situado entre Jerusalém e Ramallah, a partir de várias cidades de Israel e da Cisjordânia.
O presidente da Autoridade Palestiniana, Mahmud Abbas, confirmou na sexta-feira que vai apresentar na próxima semana ao Conselho de Segurança das Nações Unidas um pedido de adesão de um Estado da Palestina à ONU.
Separadas por escassas centenas de metros, um checkpoint e um batalhão de soldados israelitas, ouviam-se as vozes das mulheres dos dois lados sem, no entanto, os dois grupos alguma vez terem estabelecido contacto visual.
Do lado israelita, o protesto de algumas dezenas de mulheres decorreu sem distúrbios, acompanhado por um pequeno destacamento com sensivelmente o mesmo número de soldados.
"Estou aqui para procurar paz, quero a paz com esta gente", diz à Agência Lusa Giovanna Claymann, uma participante israelita, enquanto aponta na direção do muro de separação israelita e para as enormes instalações do checkpoint que separa os dois grupos.
"Somos todas mães e esposas e queremos que as nossas crianças vivam, que tenham paz e vida", explica.
Para Giovanna "já passou demasiado tempo de guerra" e "agora é tempo de paz", e repete que "já chega", enquanto gesticula diante do exército israelita.
A manifestante israelita aproveita para deixar uma mensagem para Portugal, parte do atual do Conselho de Segurança das Nações Unidas, lembrando que "é hora de optar pela Palestina".
Segund Kalia Golan, uma outra participante israelita, "existe um número considerável de israelitas que apoiam a ideia de um Estado Palestiniano" e, por isso, esta iniciativa de mulheres israelitas e palestinianas "veio dizer algo muito claro": que "a votação na ONU tem o apoio do povo".
"Não há nada aqui que não seja para o interesse das pessoas e que é a paz", conclui, enquanto aponta para o grupo de mulheres.
Do lado palestiniano, a manifestação decorreu também de modo pacífico, com exceção de lixo e pneus queimados durante o protesto.
A presença maioritária das mulheres do lado palestiniano permitiu que o exército não tivesse estabelecido uma zona de "terra de ninguém" entre o destacamento e manifestantes, como é procedimento habitual em manifestações maioritariamente masculinas.
Esta distância, de metros, normalmente estabelecida entre os dois lados, acaba por se tornar no cenário de confrontos entre adolescentes que atiram pedras e o exército que responde com meios anti-motim, como gás lacrimogéneo e balas de borracha.
Enquanto as mulheres palestinianas se mantiveram no local, face a face com o exército, não houve distúrbios e nenhum adolescente se atreveu a atirar pedras com as mulheres a centímetros do exército.
O exército abandonou o local, no mesmo momento em que as mulheres o fizeram. Seguiu-se uma chuva de pedras atiradas por crianças palestinianas a uma das torres de vigia do checkpoint depois das mães e irmãs se terem retirado.
O exército não respondeu, observando ao longe até que as crianças lentamente foram desistindo.
*Foto em Lusa
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