KATHLEEN GOMES, em Nova Iorque - PÚBLICO
O primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, teve ontem um encontro privado com o seu homólogo israelita, Benjamin Netanyahu, em Nova Iorque, e está previsto que se reúna hoje com o presidente da Autoridade Palestiniana, Mahmud Abbas – sinal de que Portugal, enquanto membro não-permanente do Conselho de Segurança das Nações Unidas, está a ser cortejado pelas duas partes relativamente à sua intenção de voto na candidatura palestiniana a membro da ONU.
Os jornalistas não puderam assistir ao encontro, que teve lugar no quarto de hotel de Netanyahu e durou cerca de uma hora mas, à saída, Passos Coelho disse ter comunicado ao primeiro-ministro israelita que apoia a solução que está a ser preparada pelo Quarteto de mediação para o Médio Oriente, que prevê o recomeço de negociações directas entre Israel e a Palestina, com um calendário preciso. O chefe do governo português afirmou ter “alguma expectativa” de que o trabalho do Quarteto – composto pela União Europeia, Estados Unidos, Rússia e ONU – “possa ser bem sucedido”.
Israel e os Estados Unidos têm exercido pressão diplomática sobre os membros do Conselho de Segurança, para votarem contra a proposta de reconhecimento do Estado palestiniano ou para se absterem.
Questionado sobre a posição de Portugal na eventualidade de uma votação, Passos Coelho disse que “é importante que todos os parceiros envolvidos nestas negociações saibam que não têm resultados garantidos à partida, sobretudo ao nível do Conselho de Segurança”.
Como os outros três membros europeus do Conselho de Segurança, Portugal tem adoptado uma postura de “esperar para ver”; alegadamente, o objectivo é manter pressão sobre Israel e a Palestina para que regressem à mesa das negociações, mas também é uma forma de evitar expor as divisões dentro da União Europeia (UE) sobre o assunto.
“Portugal não tem manifestado uma posição unilateral neste processo, tem-se mantido engajado numa posição comum europeia”, resumiu ontem o primeiro-ministro. “Esperamos, pelo menos, que os quatro países europeus representados no Conselho de Segurança possam manter uma posição unida, única, que fortaleça a posição da UE em todo este processo.”
Portugal, como outros membros do Conselho de Segurança, tem razões para querer evitar uma votação da candidatura palestiniana: se for favorável, isso pode ter efeitos negativos na sua relação com os Estados Unidos; se votar contra ou optar pela abstenção, corre o risco de antagonizar um mundo árabe que votou praticamente em bloco em Portugal durante a eleição para o Conselho de Segurança, no ano passado.
Numa notícia publicada ontem à noite, o Guardian cita “fontes palestinianas” que acreditam que os Estados Unidos têm intimidado Portugal a não votar a favor da Palestina sob a ameaça de retirarem o seu apoio à ajuda financeira do FMI.
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