JORNAL DE NOTÍCIAS - Ontem
O primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, assegurou esta quarta-feira que o Governo "não tem em mente" rever o plano energético nacional para contemplar a "opção nuclear", mas avisou que não existem questões tabu no debate político.
"O Governo não tem em mente nenhuma revisão do plano energético nacional de modo a contemplar a opção nuclear", afirmou o primeiro-ministro, em resposta a uma questão da deputada do partido ecologista Os Verdes durante o debate quinzenal na Assembleia da República.
Contudo, acrescentou, isto não significa que o executivo "tenha aversão a discutir matérias" ou mesmo que se façam do ponto de vista técnico todos os estudos que forem necessários. "Não há questões tabu no debate político", salientou.
A este propósito, o primeiro-ministro esclareceu que o objectivo do Governo é dar "mais sustentabilidade" ao sistema eléctrico português. Pois, adiantou, estima-se que o défice tarifário esteja já hoje muito perto de 1,8 mil milhões de euros e é necessário que isso não onere excessivamente a EDP para futuro, nem os consumidores domésticos ou industriais.
"Se nada for feito nessa matéria em 2015 o défice tarifário ascenderá em mais 5,7 mil milhões de euros, além do défice que já hoje existe", estimou.
Neste sentido, ainda segundo o primeiro-ministro, o Governo está já a preparar um conjunto de medidas, como o "alisamento das tarifas para os próximos" e, principalmente, "alterações ao nível do sistema eléctrico produtor que garantam a sustentabilidade do sistema para futuro".
A intervenção da bancada do partido ecologista Os Verdes marcou o final do segundo debate quinzenal da legislatura, com o primeiro-ministro a voltar a evitar as perguntas dos jornalistas à saída, tal como já tinha feito no debate quinzenal que se realizou no final de Julho.
No final do debate, Passos Coelho saiu por uma porta diferente daquela que tradicionalmente é utilizada pelo Governo para sair do plenário, longe do sítio onde estavam concentrados os jornalistas.
Na anterior legislatura, o então primeiro-ministro, José Sócrates, normalmente respondia a algumas questões da comunicação social no final de cada debate quinzenal. (Fim)
SOBRE A NOTÍCIA – Opinião Página Global
Através de declarações “inteligentes” o PM Passos Coelho está a pretender omitir que está nas suas equações a firme vontade de que Portugal opte pela energia nuclear, é uma ideia amadurecida por alguns anos. Anos passados em que Passos Coelho se mostrava adepto da energia nuclear, propondo que fosse discutida. O mesmo se passou e passa com o atual PR Cavaco Silva.
Ainda na vigência da presidência de Jorge Sampaio, também Cavaco Silva se mostrava adepto da energia nuclear. Existia inclusive pessoa das relações de elementos do PSD, um empresário, que se propunha desenvolver e instalar o nuclear em Portugal. Tudo isso podemos encontrar na imprensa da época.
É evidente que nem Passos Coelho, nem Cavaco Silva, têm o descaramento de defender com sinceridade a instalação de uma ou mais centrais nucleares em Portugal. Sinceridade é qualidade arredia dos políticos. Também de Cavaco Silva e de Pedro Passos Coelho estão arredias, e a honestidade também.
Os portugueses devem precaver-se para que no futuro, não muito longínquo, o nuclear venha a estar na agenda do dia e que os argumentos como aqueles que Passos Coelho debitou ontem, sobre a insustentabilidade da obtenção de energia nos parâmetros atuais, sejam a argumentação de raiz económica fortíssima para convencer o país de que na realidade precisa daquela terrível e incontrolável energia.
Vimos Passos Coelho e iremos ver Cavaco Silva nos seus melhores momentos a manipularem os portugueses para que aceitem a instalação de centrais nucleares, ao menos uma, em Portugal. Os séquitos que têm por detrás também irão surgir. O que eles não fazem é acelerar a obtenção de mais centrais elétricas a partir de métodos limpos, como a energia eólica e a solar. Isto apesar de os países que mais utilizam as centrais nucleares as estarem a encerrar e desativar. Caso da Alemanha, por exemplo.
Temos assim uns “provincianos espertos”, fanáticos da economia do lucro, que desprezam por completo todos os malefícios das centrais nucleares em prol de convicções que levarão vantagens, principalmente, a grupos económicos e empresários que eles próprios tanto veneram e a quem, pelos vistos, quase sempre obedecem.
Fixemo-nos numa forte possibilidade futura se acaso estes “nuclearistas” conseguirem os seus intentos:
Considerando as características e as exíguas dimensões de Portugal, havendo uma central nuclear que entre em colapso as consequências serão devastadoras para os portugueses, para o país, para a natureza. Todos sabemos que ao Nuclear é Para Dizer Não e nem sequer agradecer a ideia de nos questionarem sobre aquela caixa de Pandora. Estejamos muito atentos aos altos valores e acções de cliques que nada se importam com o nosso bem-estar por privilegiarem com denodo os Deuses do Cifrão. (António Veríssimo)
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