sexta-feira, 16 de setembro de 2011

RECURSOS DISTRIBUIDOS A ASSOCIAÇÕES “SÃO UTILIZADOS PARA INFLUENCIAR ELEIÇÕES”



EX-MINISTRO DO PAICV CONFIRMA


Afinal, não é só a oposição a dizê-lo…

Avelino Bonifácio, que foi ministro da Economia no primeiro Governo de José Maria Neves, reconhece - em entrevista ao Expresso das Ilhas - que muitas associações são utilizadas para comprar votos e acredita que as transferências do Tesouro são norma e não excepção, no último e em anteriores actos eleitorais.

Praia, 15 de Setembro – Já não é só a oposição que denuncia as “câmaras paralelas” e a utilização de fundos do Estado para influenciar os resultados das eleições – como aqui o denunciou, há dias, o presidente da Associação Nacional de Municípios Cabo-verdianos (ANMCV), Francisco Tavares. O ex-ministro da Economia do primeiro Governo de José Maria Neves (2001/2006), Avelino Bonifácio, confirma as acusações do autarca, em entrevista à edição de ontem do Expresso das Ilhas.

Bonifácio, que é também o presidente da Plataforma das ONG, considera inadmissível que os contratos-programa entre o Governo e as associações comunitárias sejam feitos “com regras e critérios mal definidos”, acabando por criar uma “situação de pouca transparência”, adiantando ainda: “o que não é aceitável é que os bens do Estado estejam a ser distribuídos por associações sem regras, sem critérios, sem transparência e sem controlo” e acrescentando que “esses recursos, atribuídos através das associações, escapam à fiscalização do Tribunal de Contas”, enfatizando que “deve haver recursos públicos, mas com regras, com critérios e transparência”.

TRANSFERÊNCIAS DO TESOURO: “NÃO É A PRIMEIRA VEZ QUE ACONTECE”

Reportando-se às transferências do Tesouro, efectuadas em vésperas da primeira volta das eleições presidenciais, Avelino Bonifácio é peremptório: “houve acusações e o Governo não as desmentiu”, adiantando estar “convencido que não é a primeira vez que isso acontece”, mas que não deveriam ocorrer, porquanto, “esses recursos são utilizados, de certeza também, para influenciar os resultados das eleições” e são “formas de orientar a vontade dos eleitores”, acrescentando: “E não sinto que haja da parte das autoridades judiciais iniciativas com vista a punir os responsáveis”.

As declarações de Avelino Bonifácio vêm confirmar acusações públicas feitas, nomeadamente, pela oposição e por duas candidaturas presidenciais, não se entendendo, de facto – e como o próprio reconhece -, que o Procurador-geral da República continue em silêncio perante tantos elementos de prova e indícios fortes da prática de crimes eleitorais promovidos pelo Governo. Mas isso são outras contas…

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