sexta-feira, 23 de setembro de 2011

TABU DA SILVA, BARRADO E RECHEADO DE METE NOJO, DISSE BLÁ-BLÁ




ANTÓNIO VERÍSSIMO

Tabu da Silva, inquilino à nossa conta em Belém, não nos deu cavaco por quase uma semana sobre o escândalo protagonizado por um acólito de sua estimação e apreço que na ilha da Madeira levou anos e anos a cavar buracos, de que ele sabia há imenso tempo – ele, o Tabu da Silva – mas optando por não nos dar cavaco.

Tabu da Silva parece que hoje finalmente disse alguma coisa muito indelével sobre o escândalo da Madeira nos Açores, onde está em visita… para nada. Só se for para passear.

Ele disse mas nem merece escutar ou ler o que disse. É que Tabu da Silva acabou por praticamente não dizer nada que fizesse sentido. Ele não disse que o Jardim dos Buracos da Madeira é um intrujão de enorme dimensão e que por via disso todos os portugueses vão ter de se sujeitar a contribuir com mais uns cinco milhares de milhões de euros (ou mais) para tapar os buracos que o seu correligionário conseguiu ocultar durante imensos anos. Ocultar de todos nós, mas não do Tabu da Silva nem do Procurador Geral da República, outro hipócrita. É público que o PR Tabu da Silva sabia dos buracos, assim como o PGR. Certamente que muitos outros da seita saberiam. Os que de nada sabiam eram e são aqueles que vão pagar estes crimes de lesa-pátria.

Mas daquilo que Tabu da Silva disse nos Açores, ressalta principalmente o título e o percebido assobio para o lado. A fazer de conta que nada é com ele. Impossível reproduzir aqui o assobio, mas imaginem um fulano com cara de parvo a querer fazer de conta que é esperto. Com cara de desonesto a querer fazer de conta que é honesto. Com cara de presidente de alguns a querer fazer de conta que é presidente de todos os portugueses.

Felizmente é possível fazer constar aqui o que disse hoje em dado passo e suscitou o título “Cavaco admite que omissão do 'buraco' financeiro afeta credibilidade internacional de Portugal” no Público e noutros órgão de comunicação social. Do imenso blá-blá de Tabu da Silva salta aos olhos da indignação, que não é cega, este trecho: “Questionado sobre as declarações do presidente do Governo Regional dos Açores, que considerou que os principais responsáveis políticos tinham de ter conhecimento do que se passava na Madeira, o Presidente da República escusou-se a fazer qualquer comentário, argumentando que um chefe de Estado não fala sobre afirmações de outras entidades. Além disso, acrescentou, o Presidente da República "deve medir muito bem as palavras, porque ele é fator de coesão nacional, factor de unidade nacional e de solidariedade entre os portugueses".

Politicamente este Tabu da Silva está barrado e recheado de Mete Nojo. Argumenta desta vez com a “coesão nacional” para se refundir no cala e segue. Não fala, ou fala mas não diz nada, porque é preciso “medir muito bem as palavras, porque ele é fator de coesão nacional, factor de unidade nacional e de solidariedade entre os portugueses”. Mas que coesão, que coesão é que ele demonstra ter connosco, os plebeus? Mas que unidade nacional se o que vimos é ele procurar esquivar-se às suas responsabilidades de honestidade e transparência com todos os portugueses? Mas que solidariedade? Solidariedade com Jardim, o seu amigo dos buracos? Solidariedade com aqueles que têm afundado este país com as mordomias escandalosas e imorais que egoistamente usufruem? Isso não é solidariedade com os portugueses. Isso é solidariedade com o grupelho de que Tabu da Silva faz parte. O grupelho que aproveitou a alvorada em Abril para saltarem para os poleiros e cantarem de galo em nome de clientelismos que seria fastidioso aqui rememorar e referir.

Tabu da Silva tem de compreender que só está no cargo que ocupa porque assim dita este defeituoso e pouco democrático sistema eleitoral. Deve recordar-se todos os dias que não foi eleito pela maioria dos portugueses mas sim por cerca de um quarto dos eleitores e que se realmente quisesse vir a ser presidente de todos os portugueses, defendendo interesses da maioria, teria de deixar de conluiar-se com silêncios e palavras bacocas com os que mentem, omitem e vigarizam a maioria dos portugueses. Que muito provavelmente os roubam e atiram com o país para o fundo. Só isso… Isso, que seria coisa demais para Tabu da Silva, comprometido como está com a corja laranja e outras elites da “economia e finança”.

*Imagem retirada de We Have Kaos In The Garden

**Também publicado em Página Lusófona, blogue do autor

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