PAULO GORJÃO – i ONLINE, opinião
Xanana tem uma dívida política a pagar a Ramos-Horta que colide com a sua eventual intenção de apoiar o antigo comandante militar Matan Ruak nas eleições de 2012
No início de Setembro, o chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas de Timor-Leste, major-general Taur Matan Ruak, demitiu-se do cargo alegando que, depois de 36 anos nas FALINTIL e nas F-FDTL, este era o momento certo para o fazer. De facto, o anúncio da sua decisão ocorre poucos dias depois de Timor-Leste ter procedido à cerimónia de desmobilização das FALINTIL e de 236 veteranos, fechando assim mais um ciclo da sua história contemporânea.
Todavia, ao mesmo tempo que põe um ponto final na sua carreira militar, a decisão de Matan Ruak poderá marcar também o início da sua participação activa na vida política. Há muito tempo que as suas ambições presidenciais eram um segredo público em Timor-Leste.
Todavia, ao mesmo tempo que põe um ponto final na sua carreira militar, a decisão de Matan Ruak poderá marcar também o início da sua participação activa na vida política. Há muito tempo que as suas ambições presidenciais eram um segredo público em Timor-Leste.
Matan Ruak, aliás, não negou essa hipótese. Na "devida altura se verá", afirmou prudentemente. Nos próximos meses Matan Ruak terá de avaliar se a sua candidatura reúne os apoios necessários para ter êxito. Se avançar para a corrida presidencial, é possível que venha a ter o apoio do principal partido no poder, fundado por José Alexandre "Xanana" Gusmão em 2007, o Congresso Nacional da Reconstrução Timorense (CNRT). Até ao momento, Xanana não deu qualquer sinal sobre a sua posição quanto à eventual candidatura presidencial de Matan Ruak. A sua boa relação pessoal é conhecida. Porém, a decisão de Xanana é ainda uma incógnita.
Ramos-Horta é o grande obstáculo que Matan Ruak tem pela frente. Se Ramos-Horta não concorrer - o seu desejo de ocupar um cargo internacional relevante é também um segredo público -, Matan Ruak tem o caminho aberto para avançar, em teoria concorrendo contra um candidato apoiado pela FRETILIN, cujas hipóteses de sucesso serão diminutas.
Ramos-Horta é o grande obstáculo que Matan Ruak tem pela frente. Se Ramos-Horta não concorrer - o seu desejo de ocupar um cargo internacional relevante é também um segredo público -, Matan Ruak tem o caminho aberto para avançar, em teoria concorrendo contra um candidato apoiado pela FRETILIN, cujas hipóteses de sucesso serão diminutas.
Juntamente com Ramos-Horta, Xanana e Marí Alkatiri, Matan Ruak é uma das quatro figuras mais populares em Timor-Leste. Como Alkatiri pretende concorrer às próximas eleições legislativas - igualmente em 2012 - e ajustar contas com Xanana, tal significa que a FRETILIN não terá um oponente ao seu nível. Contudo, caso Ramos-Horta queira concorrer a um segundo mandato presidencial, o CNRT e Xanana serão confrontados com um dilema de difícil resolução. Importa lembrar que nas últimas eleições legislativas a FRETILIN foi o partido mais votado, mas Ramos-Horta convidou o CNRT para formar governo sem dar hipótese formal à FRETILIN de o fazer em primeiro lugar. Dito de outra maneira, Xanana tem uma dívida política a pagar a Ramos-Horta que colide com a sua eventual intenção de apoiar Matan Ruak. Se mesmo assim Xanana apoiar Matan Ruak, em detrimento de Ramos-Horta, a possibilidade de a FRETILIN apoiar este último não me parece fácil, ainda que isso não seja impossível. Todavia, com ou sem apoio do CNRT ou da FRETILIN, se quiser concorrer às próximas presidenciais, Ramos-Horta tem um peso pessoal e político em Timor-Leste que, em circunstâncias normais, lhe assegura a reeleição.
A largos meses de distância das próximas eleições presidenciais e numa altura em que há ainda diversas variáveis políticas que não estão clarificadas, uma primeira leitura parece sugerir que terá de esperar pelas eleições presidenciais de2017. A poucas semanas de completar 55 anos, Matan Ruak pode esperar pacientemente pelo momento certo.
- Director do Instituto Português de Relações Internacionais e Segurança (IPRIS)
*Escreve à quinta-feira
A largos meses de distância das próximas eleições presidenciais e numa altura em que há ainda diversas variáveis políticas que não estão clarificadas, uma primeira leitura parece sugerir que terá de esperar pelas eleições presidenciais de
- Director do Instituto Português de Relações Internacionais e Segurança (IPRIS)
*Escreve à quinta-feira
1 comentário:
"Se Ramos-Horta não concorrer - o seu desejo de ocupar um cargo internacional relevante é também um segredo público"
Ramos Horta has no chance in the world for this to happen. The international community views him as a seriously delirious mental retard. He actions in the recent past and his delusional political rhetoric have contributed immensely to this common view.
Lets not forget when he so blatantly announced his "so called nomination" as UN Commissioner for Human Rights and etc, etc.
The man is a fraud and the whole world knows this. Not one single international organization will employ him, not if they want to be taken seriously.
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