ANGOLA PRESS
Díli - O chefe das Forças Armadas de Timor-Leste, general Taur Matan Ruak, distribuiu hoje mais de 500 abraços durante uma cerimónia de despedida de militares, que liderou durante mais de 10 anos.
No centro de instrução Nicolau Lobato, em Metinaro, a cerca de 30 quilómetros de Díli, Taur Matan Ruak fez questão de se despedir pessoalmente de todos os militares daquele quartel, incluindo recrutas.
Numa cerimónia que durou mais de duas horas, homens e mulheres não conseguiram esconder a emoção da saída do general, que apresentou a demissão do cargo no
início de Setembro.
Na altura, questionado sobre se pretendia candidatar-se às presidenciais do próximo ano, remeteu uma decisão sobre o assunto para mais tarde.
"Quem parte leva saudades e quem fica saudades tem. É uma evidência, mais de metade da vida dediquei-me à nossa instituição, às Forças Armadas de Timor, e como comandante foi um privilégio para mim", afirmou à imprensa o general.
Taur Matan Ruak referiu que não deixou as forças armadas com tudo feito, mas disse acreditar nos seus homens e na sua capacidade de ultrapassar os desafios.
"Não fiz tudo, o que vem a seguir vai ser ainda mais desafiante. Acredito nos meus homens. Que eles vão saber ultrapassar as dificuldades e os desafios e vão saber ganhar mais uma vez nesta grande batalha pela consolidação da nossa democracia, pela consolidação da estabilidade do nosso país e pelo desenvolvimento e progresso do nosso povo", disse.
Para Taur Matan Ruak, a missão mais difícil nunca vai acabar, nem vai ser "conquistada por nenhum comandante".
"É investir nos recursos humanos. Treinar os nossos homens, torná-los realmente um factor determinante na construção do exército pela construção da paz, não só no nosso país, como na sub-região e no mundo. Esta é uma missão permanente que vai passar de geração em geração", explicou.
Taur Matan Ruak, com 55 anos de idade, entrou na guerrilha aos 19 anos e foi o único militar timorense que percorreu todos os escalões até se tornar chefe das Forças Armadas.
"Tenho uma ligação emocional enorme, despendi 36 anos com eles, entrei com 19 anos e saí com 55 anos. Deixei metade do coração com eles e vai ser muito difícil na minha nova vida à civil poder encontrar homens como eles", disse.
"Habituei-me a este perfil de pessoas e vai ser difícil encontrá-lo no novo ambiente que eu vou viver e daí adoro-os e guardo imenso as suas saudades, até à morte nunca vou esquecê-los", disse.
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