JOÃO SEVERINO – PAU PARA TODA A OBRA
Assistimos em algumas tertúlias linguísticas à discussão sobre a existência da língua portuguesa em Timor-Leste. Ainda há dias estive a conversar com um professor catedrático português que pertence aos quadros da UNESCO e que me disse ser "a história de pouco texto". Ou seja, para o académico não há muito a discutir se "atendermos que em Timor-Leste apenas quatro por cento da população domina a nossa língua", salienta e acrescentando que não é verdadeiro o número que apontam de 25% de população timorense a dominar o português.
Neste sentido, há que entender uma coisa. Os governos portugueses fizeram muito pouco para que o incremento maciço da língua portuguesa fosse uma realidade plausível após a independência de 2002. Nesta data, o bahassa dominava o território e a população tinha "ingerido" à força a língua oficial indonésia durante a ocupação. O tétum é um entre 32 dialectos existentes em Timor-Leste e apesar de alguns quadrantes intelectuais timorenses terem lutado pela generalização do tétum, nada mais conseguiram do que uma significativa inserção na capital de Díli. No interior vai-se falando tétum mas em casa é usado o dialecto de cada região.
Obviamente, que temos de chegar ao ponto importante e esse somente diz respeito com a mega e contínua tentativa por parte da Austrália de introduzir e oficializar o inglês no território timorense. Uma longa história que tem enchido páginas de livros e jornais. A luta foi e é apenas uma: acabar com o português para introduzir o inglês. O resto são cantigas de "sonhadores" de contos de fadas ou de aprendizes de feiticeiro. Quando a realidade é nua e crua não há argumento que valha. O que não se fez no passado já é tarde para se realizar no futuro...
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