terça-feira, 20 de setembro de 2011

Timor-Leste: ONU ALERTA PARA DISCRIMINAÇÃO DE DEFICIENTES E PEDE MEDIDAS AO GOVERNO




MSE - LUSA

Díli, 20 set (Lusa) -- Joãozinho dos Santos, um timorense de 29 anos, sofre de poliomielite e hoje juntou-se às Nações Unidas na apresentação do relatório sobre os "Direitos das Pessoas com Deficiência" em Timor-Leste.

"Quando acabei o liceu e quis continuar os estudos numa escola técnico-profissional em informática o diretor da escola não me permitiu por causa da minha condição", afirmou à Agência Lusa Joãozinho dos Santos.

Segundo o timorense, o diretor da escola disse-lhe que não estava autorizado a estudar naquele estabelecimento porque era deficiente.

"Ele não podia fazer aquilo", afirmou Joãozinho dos Santos, que hoje representou, na cerimónia de lançamento do relatório da Missão Integrada da ONU para Timor-Leste (UNMIT), a Ra'es Hadomi Timor Oan, uma organização timorense de pessoas com deficiência.

Segundo o documento da UNMIT, as "mulheres, crianças e pessoas com deficiências mentais são as mais discriminadas" de todas as pessoas com deficiência.

"As crianças com deficiência são mais vulneráveis à discriminação, especialmente no acesso à educação", refere o documento.

A ONU recomenda ao Governo timorense que proteja com urgência aqueles grupos mais vulneráveis e que realize ações de sensibilização sobre os direitos das pessoas com deficiência.

Tendo em conta a proximidade das eleições gerais, previstas para 2012, a ONU alerta também para a necessidade de melhorar as acessibilidades e garantir o direito de voto de pessoas com deficiência.

O relatório recomenda também que os espaços públicos, ministérios e as próprias instalações das Nações Unidas passem a considerar acessos para pessoas com deficiência.

"Este relatório é muito importante e é um começo", afirmou Joãozinho dos Santos, que hoje estuda na Universidade Nacional de Timor-Leste.

As autoridades timorenses ainda não assinaram e ratificaram a Convenção dos Direitos das Pessoas com Deficiência.

Na cerimónia, foi distribuído o primeiro relatório das Nações Unidas elaborado em braille.

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