domingo, 11 de setembro de 2011

UM DIA PARA ESQUECER




LEILA CORDEIRO* – DIRETO DA REDAÇÃO

Domingo faz dez anos que o mundo tremeu diante das imagens dos atentados terroristas nos EUA. O fatídico “September 11” passou a ser  a imagem da tragédia e da dor entre os americanos.

Lembro-me que estava num supermercado no Sul da Florida, quando ouvi alguém dizer que tinha acontecido um acidente com um avião em Nova York. Corri pra casa, sintonizei a TV na CNN e lá estava a imagem de um enorme avião de carreira cravado numa das Twin Towers.

Não que eu seja a última cereja do bolo, mas naquele momento me veio à cabeça a possibilidade de um atentado terrorista quando ainda ninguém sabia direito o que havia acontecido. Mas, evidentemente, minutos depois repórteres e apresentadores davam a notícia que ninguém queria ouvir: o terrorismo colocara seus homens  suicidas a serviço de uma tragédia sem precedentes.

A partir daí o pânico tomou conta de todos no país. Nossos filhos, que ainda estavam em idade escolar,  ficaram retidos com  os outros alunos  nas escolas até que soasse o alarme de emergência para que os pais fossem buscá-los. Houve um certo tumulto na porta dos colégios, pois os pais queriam  logo ver seus filhos sãos e salvos em casa. O boato que corria é que haveria bombardeios em várias cidades americanas, como numa possível terceira guerra mundial.

Lojas fecharam suas portas, supermercados colocaram todo o estoque de água e alimentos não perecíveis nas prateleiras, no caso  das pessoas terem que se abastecer para passar alguns dias trancadas em casa. O medo do fim do mundo parecia ter acometido um por um dos habitantes da terra do Tio Sam, que parecia tremer sob a ameaça dos terroristas , inimigos silenciosos que tinham conseguido sacudir os alicerces da maior e mais poderosa potência do planeta.

Dez anos se passaram e uma pesquisa feita nos EUA revela que mais da metade dos americanos acha que o país está hoje mais seguro contra o terrorismo do que antes dos atentados de 11 de setembro.

Entretanto, segundo ainda a pesquisa, quase sete em cada dez americanos dizem que sentem que o espírito anti-americano se espalhou pelo planeta e que por isso o país é menos respeitado no resto do mundo. Além disso,  77% afirmam ter menos liberdade de ir e vir em território americano por causa das constantes revistas em aeroportos e fronteiras.

Ao mesmo tempo, os atentados, cuja autoria foi reivindicada pela Al-Qaeda e seu líder Osama bin Laden, executado recentemente por comandos americanos no Paquistão,  arranharam a imagem da religião islâmica, sobretudo porque há muita desinformação a respeito dos muçulmanos e suas crenças.

Com isso,  cresceu o preconceito em relação ao povo árabe por parte dos americanos a tal ponto que, segundo ainda o estudo, quase metade da população não quer nem ouvir falar da construção de uma mesquita perto de suas casas e  mais da metade sente-se desconfortável ao ver um grupo de muçulmanos prestes a embarcar em algum avião nos aeroportos.

O trauma é grande, mas ao mesmo tempo em que rejeitam e colocam em dúvida os dogmas islâmicos, 88% dos americanos admitem que os Estados Unidos foram fundados com base na liberdade religiosa para todos os cultos, mesmo para aqueles representem o oposto de suas crenças.

Portanto, talvez seja hora do povo americano, que sentiu a destruição das torres como se lhe estivessem arrancando as próprias entranhas, olhar em volta sem ver culpados em cada esquina,  porque as guerras estão aí mesmo  para provar que na briga pelo poder, nesse mundo tão cheio de violência,  não existem vencidos  nem vencedores. Pobres daqueles que se foram nos atentados, de suas famílias órfãs e dos muçulmanos inocentes que até hoje pagam caro pelo ato insano de grupos extremistas de sua raça.

*Começou como repórter na TV Aratu, em Salvador. Trabalhou depois nas TVs Globo, Manchete, SBT e CBS Telenotícias Brasil como repórter e âncora. É também artista plástica e tem dois livros de poesias publicados: "Pedaços de mim" e "De mala e vida na mão", ambos pela Editora Record. É repórter free-lancer e sócia de uma produtora de vídeos institucionais, junto com Eliakim Araujo, em Pembroke Pines, na Flórida

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