DEUTSCHE WELLE
A questão dos vistos entre Angola e a Alemanha tem sido um dos obstáculos a ultrapassar no estreitamento bilateral das relações. Um problema que parece agora estar mais perto de uma solução.
A cooperação económica foi o tema central da visita oficial realizada a Angola pela chanceler alemã federal, Angela Merkel, em julho último. Apesar de curta, a estadia de Merkel serviu para reforçar os laços entre os dois países, com o estabelecimento de parcerias estratégicas e protocolos de cooperação em vários domínios.
Três meses mais tarde, a DW foi ao encontro de Ricardo Gerigk, delegado da indústria alemã em Angola. Gerigk faz um balanço positivo e realça, que a visita da chanceler, foi um sinal de confiança do governo alemão na estabilidade politica de Angola: “Uma chanceler nunca viajaria para um país que tivesse guerra, ou coisa do género, então isso é o primeiro sinal”, disse o lobista, acrescentando que a visita contribuiu “sobremaneira para que algumas coisas fossem agilizadas”.
“Traumas” já estão ultrapassados
É o caso do problema dos vistos, repetidas vezes apontado por investidores alemães como um entrave ao reforço das relações comerciais. Embora reconhecendo a existência da problemática, Ricardo Gerigk insiste que Angola já superou determinados “traumas” causados pela invasão repentina de números elevados de investidores estrangeiros: “Não se justifica que pessoas que querem entrar pela porta da frente de Angola sejam barradas quando existe interesse em, pelo menos, conhecer o país”. Gerigk salienta ainda a necessidade de resolver rapidamente a questão dos vistos, até para solucionar outros problemas “porque”, diz “o excesso de burocracia contribui muito para que aumente a corrupção no país”.
Confrontada com a concorrência da China e de outras potências económicas, a Alemanha deseja reforçar a sua parceria com Angola, a nível do desenvolvimento de redes elétricas, energias renováveis, e diversificação da economia angolana. O delegado diz, que a Alemanha não teme a concorrência: “Não, porque há lugar para todo o mundo e há países que têm uma maior especialidade”. Por exemplo, diz Gerigk, as empresas alemãs não estão envolvidas na exploração direta de petróleo em Angola, mas fornecem equipamento a outras empresas do ramo.
Trocas comerciais de 400 milhões de euros
No ano passado as trocas comerciais entre os dois países superaram os 400 milhões de euros. A Alemanha importa sobretudo petróleo, enquanto Angola recebe apoio alemão nos domínios financeiro e da formação de quadros, como contribuição para a reconstrução do País. O combate à pobreza e a criação de empregos são, por seu lado, alguns dos principais desafios da delegação da indústria alemã em Angola.
Está, neste momento, a ser efetuado o primeiro investimento direto alemão na área de “catering”, com um valor avaliado em dezasseis milhões de euros. Ricardo Gerigk explica que se trata de “catering” no âmbito de voos comerciais, prevendo-se o fornecimento de cinco a sete mil de refeições diárias para os passageiros: “O mais importante é a criação de empregos: são 300 empregos que vão ser criados”.
Autor: Manuel Vieira (Luanda) - Edição: Cristina Krippahl/António Rocha
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