MARTINHO JÚNIOR, Luanda
O FIM DO “CAPALANGA WATER RAILWAYS”?
A 24 de Abril de 2011 publiquei a 1ª das Rapidinhas, “OS 4 COMBOIOS CHINESES MERECEDORES DEGUINESS BOOK”… começando por ilustrar com esse exemplo as (muitas) deficiências ou insuficiências dos projectos em curso em Angola, bem como a ausência de fiscalização e controlo sobre as obras e empreiteiros.
Seis meses depois, testemunhando que o estado angolano e seus parceiros reagiram sobre os resultados das obras mal feitas, voltei ao local e tirei uma fotografia sugestiva: a proibição para dar um mergulho não é só para pessoas, pois com a lagoa “controlada” lá se vai a 4ª maravilha ferroviária chinesa, o “Capalanga Water Railways”…
A lagoa artificial do Capalanga, uma lagoa que facilmente se podia detectar com o Google Earth, foi formada a partir do desleixo dos empreiteiros que esqueceram que as águas das chuvas acumuladas ali, se antes tinham garantia de saída em direcção ao Bengo através de circuitos naturais, deixaram-no de o ter quando foram feitos os aterros para a implantação de indústrias, para a reconstrução da ferrovia e para a construção da auto-estrada.
Está-se a iniciar a época das chuvas e com as obras de controlo de caudais em curso, inicia-se a prova dos nove em relação ao que foi emendado e seria a altura ideal para que fosse tornado público todo o contencioso que envolve tanto as falhas técnicas, quanto as eventuais multas que os empreiteiros se sujeitaram (?).
Parece que é mais fácil ao estado angolano e seus parceiros levar a cabo a emenda dos erros técnicos, do que garantir a prestação pública dos resultados da fiscalização, se é que a houve, sobre as deficiências, insuficiências e erros de engenharia encontrados (o Tribunal de Contas continua a ser, em relação a muitas obras, o primeiro dos “submarinos angolanos”, pois não se ouve, não se vê, nem se sente…).
Para a informação pública do estado parece também ser fácil, talvez para esconder o que o Tribunal de Contas não faz, neste caso da lagoa artificial do Capalanga encontrar a causa: foram os moradores que ergueram suas casas a pulso, não recorreram a aterros massivos, nem a tractores, que taparam as saídas naturais das águas que antes permitiam o escoamento em direcção ao Bengo…
Se com este simples fenómeno a informação pública esclarece assim, o que não acontecerá com fenómenos mais complexos?
Foto: Perigo tomar banho! - MJ
Sem comentários:
Enviar um comentário