Secundino Cunha – Correio da Manhã
São cada vez mais as famílias portuguesas que batem à porta das instituições da Igreja Católica, por não terem dinheiro suficiente para alimentar o agregado e fazer face às despesas com a habitação, a saúde e a educação.
O tema está em debate no Encontro Nacional da Pastoral Social, que decorre até amanhã, em Fátima, sendo o desemprego e o sobreendividamento apontados como as principais causas do "claro" aumento dos casos de fome em Portugal.
"Não param de aumentar as famílias que nos procuram, solicitando todo o tipo de ajuda e, cada vez mais, a pedir alimentos, como leite, arroz, massa ou cereais para o pequeno-almoço", disse ao CM Barros Marques, o presidente da Cáritas do Porto, que apoiava 312 famílias em Janeiro e passou a apoiar 513 no passado mês de Agosto.
Barros Marques teme o futuro próximo, referindo que "a Cáritas do Porto está no limite e as situações que surgem, de pessoas a chorar porque não têm dinheiro para medicamentos ou para dar de comer aos filhos, são cada vez mais dramáticas".
Mas em dioceses como Lisboa, Setúbal ou Aveiro, o número de atendimentos aumentou mais de 50 por cento no espaço de um ano e as receitas, de peditórios ou donativos, diminuíram.
O presidente da Comissão da Pastoral Social, D. Carlos Azevedo, confirma um cenário "muito complicado" e sublinha que "a situação tem tendência para piorar".
"As pessoas têm de gastar menos e de fazer mudanças profundas nos seus hábitos de consumo", diz o bispo auxiliar de Lisboa.
Na abertura, o Cardeal-patriarca de Lisboa, D. José Policarpo, desafiou os responsáveis das instituições de solidariedade a distinguirem a política daquela que é a missão da Igreja.
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