quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Governo da Guiné-Bissau quer reforçar cooperação com a China ao nível empresarial




PNE - LUSA

Macau, China, 20 out (Lusa) - A Guiné-Bissau está apostada em atrair mais investimento direto estrangeiro e, por isso, quer que a cooperação com a China seja reforçada ao nível empresarial com parcerias entre empresas guineenses e chinesas.

"Hoje há um novo paradigma da cooperação [com a China] que queremos lançar que é a cooperação empresarial", afirmou em entrevista à agência Lusa em Macau a ministra guineense da Economia, Maria Helena Nosolini Embaló.

Ao salientar que a "Guiné-Bissau já desenvolve relações com a China há muito tempo, mesmo antes de ser um Estado independente", a governante constatou que a "cooperação tem sido mais institucional, com a China a conceder apoios importantes no domínio das infraestruturas, construção de grandes obras e pescas".

"Mas também queremos atrair investimento direto estrangeiro, que haja empresas que se instalem [no país], se desenvolva uma relação de cooperação e se lancem 'joint-ventures' entre empresas guineenses e chinesas", apontou.

Para Maria Helena Embaló, "há todo um conjunto de oportunidades, que agora fazem muito mais sentido neste contexto internacional, em que as economias emergentes começam a ter um interesse muito grande em países" como a Guiné-Bissau.

A ministra considera que o seu país "está a criar as condições que permitem atrair investimento estrangeiro", ao sublinhar que, apesar de a Guiné-Bissau "depender de muitos apoios externos", tem feito um "esforço enorme, que tem valido a pena", pois está "menos dependente da ajuda externa".

"Queremos então mostrar ao mundo e aos países que connosco interagem que estamos a criar condições que permitem atrair investimento estrangeiro e queremos atrair uma cooperação empresarial com a China e os outros países que também fazem parte da plataforma de cooperação [do Fórum Macau]", afirmou.

A agricultura, pescas, minerais e o turismo são alguns dos setores que a governante destaca para o desenvolvimento da cooperação com a China e a lusofonia, pois são aqueles em que a Guiné-Bissau "tem maior potencial".

"Há todas essas potencialidades que estão pouco valorizadas e hoje a estabilidade do quadro macroeconómico e as melhorias que estamos a realizar no ambiente de negócios podem ser contributos para que levem as empresas a se instalarem no nosso país", sustentou.

Quanto a projetos que poderão contar com o apoio da China, Maria Helena Embaló destacou a construção e exploração da barragem do Saltinho, ao referir que foi "já assinado um memorando de entendimento com uma empresa chinesa".

Está também previsto o "desenvolvimento de um eixo económico que poderá consistir em atrair o investimento da China, além dos que já existem, nomeadamente de Angola, para a construção do porto de Buba e as linhas férreas que farão a ligação com os países do Mali e da sub-região que não disponham de um porto", acrescentou.

Relativamente à privatização da Guiné Telecom, Maria Embaló disse que já há manifestações de interesse que serão analisadas, ao salientar que a empresa "estará aberta à possibilidade da entrada de empresas chinesas ou outras".

Por outro lado, "há também empresas privadas [da China] que já têm investimentos no país e, à medida que vamos dando mais garantias e criando um quadro mais favorável aos investimentos, virão certamente outros investidores chineses", concluiu.

Quanto ao fundo de 1.000 milhões de dólares anunciado pela China para o reforço da cooperação com a lusofonia, a ministra considera que aquele "poderá ser uma alavanca para incrementar as relações comerciais", esperando que "venha a beneficiar mais os países que não estão no pelotão da frente", como a Guiné-Bissau.

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