A proposta do Governo para aumentar o horário de trabalho em duas horas e meia por semana divide sindicatos e patrões, que hoje apresentam propostas alternativas na reunião de concertação social.
"Querem aumentar o horário de trabalho duas horas e meia por semana, isto corresponde a um salário que os trabalhadores vão deixar de receber no final do ano, ou seja, trabalhar gratuitamente", afirmou o membro da comissão executiva da CGTP, Arménio Carlos, antes do início da reunião com o Governo que começou pelas 10:00 da manhã.
A CGTP manifestou total discordância com esta proposta do Executivo e avançou que, nesta matéria, não haverá acordo com a Intersindical.
Já João Proença, da UGT, classificou a proposta do Governo de "inqualificável".
"Duas horas e meia por semana significa 15 a 18 dias de trabalho gratuito para o trabalhador, totalmente inqualificável", argumentou João Proença, reiterando que "a media é demasiado inqualificável no século XX para ser discutida".
Vieira Lopes, da Confederação do Comércio e Serviços de Portugal (CCP), disse aos jornalistas que esta medida, agora em discussão, "favorece uma série de setores", pelo que a CCP "não está contra".
Todavia, Vieira Lopes defende uma alternativa: "Preferíamos a questão de diminuir três dias às férias, acabar com alguns feriados e ajustar as pontes aos fins de semana como medida mais eficaz do que as meias horas que são só favoráveis a alguns setores da economia e que causam maior perturbação".
Ainda do lado dos patrões, o presidente da CIP, António Saraiva, enalteceu o facto de, finalmente, estar hoje em cima da mesa "um documento com pés e cabeça, embora com algumas lacunas".
Apesar da Confederação da Indústria ser favorável ao aumento da meia hora de trabalho por dia, entende que esta poderá ser melhorada.
A CIP apresenta assim a criação de uma bolsa anual ou plurianual de horas de trabalho, uma vez que, segundo a proposta do Governo, as meias horas de trabalho que equivalem a duas horas e meia por semana terão de ser utilizadas na quinta semana de trabalho, que Saraiva considera "absurdo".
"A utilização das meias horas terão de ser utilizadas na quinta semana, não consigo prever se ao fim de quatro semanas tenho carga de encomendas suficientes para utilizar as horas na quinta semana", afirmou.
Sem comentários:
Enviar um comentário