quarta-feira, 26 de outubro de 2011

A QUARTA MISSÃO DE UM SOLDADO DA GNR EM TIMOR-LESTE




Rui Miguel Melo – A Bola

A 26 de Agosto de 2006, a Guarda Nacional Republicana (GNR) passou a integrar a missão das Nações Unidas (ONU) em Timor-Leste para restaurar a paz e a ordem pública naquele país. No dia 27 deste mês, parte para Díli o 12.º contingente do subagrupamento Bravo. O soldado Marcos Rodrigues vai para a quarta missão.

Natural de Espinho, Marcos Rodrigues, de 33 anos, tinha 25 quando entrou para a GNR. Em 2007 integrou uma das primeiras missões a Timor-Leste. Seguiram-se 2009, 2010, cada uma com seis meses. Agora, está a uma semana da quarta. A primeira foi a mais difícil.

«Chegar a Timor-Leste foi um choque grande. Naquela altura, havia muitos tumultos, incendiavam prédios e o ambiente era complicado. Depois foi melhorando», recorda Marcos Rodrigues.

Ao início, o mais complicado foi a água. Devido ao risco de malária, toda a água utilizada pelo contingente da GNR é filtrada. «Os primeiros dias eram de gastroenterite certa», sorri.

Do povo timorense, Marcos Rodrigues guarda a imagem de pessoas calorosas, sobretudo com os portugueses. O futebol é um dos passatempos preferidos. «Vêem-se balizas improvisadas por todo o lado», conta.

O pior é a ausência da família. Mas, para quem caminha para a quarta missão, o afastamento já se torna um hábito. Mas o regresso a Portugal não é fácil.

- Na primeira vez foi complicado estar tanto tempo fora. Em Timor-Leste é como se o tempo parasse. Quando regressamos a Portugal, tudo nos faz confusão. Até vermos um comboio.

Equipamentos do Benfica na bagagem

O 12.º contingente é composto por 140 elementos: três pelotões operacionais, um pelotão de serviço, uma secção de operações especiais, uma equipa de inactivação de explosivos e uma equipa de instrução. Dos 140, 12 seguiram, ontem, para Díli, incluindo o capitão Duque Martinho, comandante de missão. No dia 29 regressa a Portugal o 11.º contingente.

Na bagagem vão equipamentos oficiais do Benfica, oferecidos pelo clube encarnado. Na semana passada, uma equipa da GNR jogou contra uma formação de veteranos, no pavilhão da Luz. Ganharam as águias por 9-6. «Só o Rui Costa marcou quatro golos. Sou portista, mas tirei uma foto com ele. Avisei-o que era melhor não a pôr no Facebook», sorri Marcos Rodrigues.

Missão é para continuar

O soldado foi um dos 128 militares que, ontem, participaram na cerimónia de despedida do 12.º contingente do subagrupamento Bravo da GNR. Miguel Macedo, ministro da Administração Interna, representou o Governo e passou em revista as tropas. O governante elogiou o trabalho desenvolvido e confirmou que a GNR pode continuar em Timor-Leste após o fim da missão das Nações Unidas. Essa é a vontade do governo timorense para a formação da Polícia Nacional, baseada no modelo da GNR.

«Aquando da visita de Xanana Gusmão, primeiro-ministro timorense, a Portugal, foi assinado um acordo bilateral em matéria de segurança e ficou de se estudar os aspectos para desenvolver a cooperação com Timor Leste. Portugal tem manifestado essa disponibilidade, dentro das nossas possibilidades», explicou Miguel Macedo.

Veja a galeria de fotos no original (Fotos: Alexandre Pona /AS)

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