MARTINHO JÚNIOR
EXPLORANDO O ÊXITO (primeira parte)
I - Ainda há pouco se ia tendo referência da presença da CIA nas operações na Líbia, integrando o pelotão dos “rebeldes” lado a lado com os ex membros da Al Qaeda que compõem o Libya Islamic Fighting Group, (constate-se por exemplo o artigo do Los Ângeles Times, “CIA officers working with Lobya rebels” – http://www.latimes.com/news/nationworld/world/la-fg-cia-libya-20110331,0,4151799.story), já existem mais manifestações de sua acção em África.
De acordo com o Jornal de Angola no artigo “Bases secretas abertas em África” (http://jornaldeangola.sapo.ao/13/0/bases_secretas_abertas_em_africa):
“Os Estados Unidos estão a instalar bases secretas em África e na Península Arábica para realizar operações antiterroristas com aviões não tripulados contra a Al-Qaeda na Somália e no Iémen, informou ontem o jornal Washington Post na sua edição digital.
Segundo o diário, que cita fontes oficiais da Administração Obama, uma dessas bases está a ser construída na Etiópia, aliada dos Estados Unidos para a luta na Somália contra a milícia radical islâmica Al Shabab, ligada à Al-Qaeda.
Outra base encontra-se nas ilhas Seychelles, no Oceano Índico, onde uma pequena frota de aviões não tripulados vai começar as suas operações este mês após uma "missão experimental" que provou a eficácia de vigiar a Somália.
Os militares americanos também dirigiram aviões não tripulados em direcção à Somália e ao Iémen a partir de bases no Djibuti, diz o Washington Post.
A iniciativa pretende atacar com grande precisão as forças rebeldes na região do Corno de África que criam sérios embaraços aos avanços da paz e dificultam a normalidade política e social nesses Estados. A situação na Somália deriva, em grande medida, das acções dos grupos terroristas que levam a cabo ataques indiscriminados contra civis e voluntários que tentam socorrer as vítimas da seca e de outras causas que assolam a região do Corno de África.
Além disso, a CIA está a construir uma pista de aterragem secreta na Península Arábica para uso de aviões não tripulados armados rumo ao Iémen, acrescenta o periódico. O jornal lembra que os Estados Unidos usaram aviões não tripulados para ataques letais bem sucedidos em pelo menos seis países: Afeganistão, Iraque, Líbia, Paquistão, Somália e Iémen”.
O “Arco de crise”, conforme nossa previsão de Maio de 2011, (http://paginaglobal.blogspot.com/2011/05/o-arco-de-crise-em-direccao-africa.html), está já a atingir regiões extensas no norte e nordeste de África, da maneira mais contraditória: só o AFRICOM, a OTAN e a CIA, conjuntamente com os serviços de inteligência que compõem o ramalhete de aliados-fantoches mais próximos, são capazes de avaliar quais as células da Al Qaeda estão a trabalhar com suas Forças Especiais e quais as que (ainda) não lhes estão afectas!
No Médio Oriente os alvos estão situados em quatro países: o Iraque, o Afeganistão, o Paquistão e o Iémen, pelo que deixa supor que para além desses países a CIA dispõe de bases de lançamento de “drones” em vários outros mais.
Em África há dois alvos, a Líbia e a Somália, existindo bases declaradas no Djibouti, na Etiópia e nas Seichelles.
As situações que se vivem em África torna possível o alargamento do emprego em várias outras regiões, pois fabricar motivos não é difícil para a hegemonia com o tipo de manipulações que estão em curso.
Quais as regiões que podem ser sacudidas por novas convulsões e ingerências?
1 ) Em todo o Sahara, uma vez que aí há três razões: a célula da Al Qaeda AQIM, os “touaregs” e a perseguição a Kadafi;
2 ) Na Nigéria há também pelo menos três razões que podem ser evocadas: as operações de células da Al Qaeda provenientes da Somália, as tensões entre islâmicos e cristãos e os rebeldes do delta do Níger;
3 ) Na costa ocidental africana, em especial na região marítima que envolve Cabo Verde, Mauritânia, Senegal, Guiné Bissau e Guiné Conacry; as razões que se podem evocar prendem-se com o tráfico de droga;
4 ) No Golfo da Guiné, tendo em conta indícios de aumento de pirataria marítima e os problemas que vão afectando o delta do Níger.
A “experiência” das Seychelles pode levar ao destacamento de operações da CIA com a utilização de “drones” para Cabo Verde, para as Bijagós (na Guiné Bissau), para São Tomé e Príncipe, para a Guiné Equatorial, ou mesmo para a Ascensão, a meio caminho entre Angola e o Brasil e com uma enorme pista que serviu de alternativa a aterragens dos recentes “Vai e Vem” espaciais.
A ambiguidade das opções da CIA decorrem dos dados adquiridos nos interrogatórios secretos realizados desde a invasão do Iraque: só os serviços de inteligência envolvidos com a CIA podem saber quais as células do Al Qaeda que poderão ser aproveitadas ou não para acções conjuntas com as Forças Especiais norte americanas, britânicas, francesas ou outras do quadro do AFRICOM/OTAN e ANZUS.
Desse modo, à surpresa do caso da Líbia, outras desagradáveis surpresas se poderão suceder, com o emprego de células da Al Qaeda integrados nos dispositivos de ingerência, sendo os africanos os últimos a saber e a avaliar o que está a acontecer e como está a acontecer, sendo os primeiros a sofrer as consequências!
As listas de “terroristas” que têm sido fabricadas pelos Estados Unidos e seus aliados-fantoches, sendo desde logo uma manipulação, são agora um motivo de confusão extrema: quantas células da Al Qaeda, ou de qualquer outra organização, não poderão estar ao serviço das ingerências, como o caso do Libya Islamic Fightong Group, mas quantos outros não serão “o inimigo a abater”?
A “Obama doctrine” apresta-se para explorar o êxito perante uma África subvertida pelos expedientes elitistas em curso, frágil, vulnerável e agora mais confundida que nunca com as “novas opções”.
(Constituido por 3 partes - continua)
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