terça-feira, 25 de outubro de 2011

RAPIDINHAS DO MARTINHO – 54




MARTINHO JÚNIOR, Luanda

PIRATAS DO SÉCULO XXI

Não se deslocam em veleiros pois pessoalmente não é preciso sequer sulcar os mares: muitos outros, se necessário milhares de outros, o fazem por eles…

Não têm pois de enfrentar tempestades, só os requintes dos climatizados salões, por que se tornou tão fácil explorar, no momento aziago, os ventos e as marés…

Não precisam de símbolos aterradores para à primeira vista derrotar as presas, as suas armas psicológicas podem até descer das nuvens, com a inocência alada dos anjos…

Não têm olho de vidro, nem cara de mau, pelo contrário são até, se possível, bem barbeados, imberbes e possuem olhos claros num teatro de transparência, convicção e boas maneiras…

Não possuem perna de pau, apesar de um deles ter assim um andar um pouco esquisito, que anestesia até os mais distraídos…

São pois muito mais bafejados pela sorte, em relação aos antepassados:

Não precisam de escavar covas profundas em ilhas desconhecidas e em lugares secretos, pois os bancos da próxima esquina aguardam solícitos por seus bons ofícios!

Multiplicam por milhões e milhões os pecúlios irrisórios dos seus homólogos do passado, que quantas vezes erravam o alvo ao cair sobre pobres presas, por que sabem melhor que ninguém quem tem o pecúlio, tal como onde e quando é possível fazer os saques!

Mesmo os instrumentos de que se servem para encostar as vítimas às cordas, já não são mais humanos, são máquinas com nervos electrónicos, comandadas à distância por via de sinais inaudíveis e de satélites na estratosfera, para que os crimes sejam mais sofisticados, precisos, perfeitos…

Quando por fim é preciso esfolar vivas as presas, têm mãos limpas. higienizadas, bem tratadas, por que outras mãos são usadas em vez das deles…

Os piratas do século XXI todavia estão hoje mais visíveis que nunca, mesmo que as cortinas de fumo das suas poderosas caixas de ressonância proliferem para os esconder e esconder a verdade!

*Fotografia tirada em Tripoli a 15 de Setembro de 2011: Dois piratas e um papagaio traidor e delator!

1 comentário:

Anónimo disse...

Das guerras do ópio às guerras do petróleo
por Domenico Losurdo
"A morte de Kadafi é uma viragem histórica", proclamam em coro os dirigentes da NATO e do Ocidente, sem se incomodarem sequer em guardar distâncias em relação ao bárbaro assassinato do líder líbio e das mentiras desavergonhadas que proferiram os chefes dos "rebeldes". Sim, efectivamente trata-se de uma viragem. Mas para entender o significado da guerra contra a Líbia no âmbito do colonialismo é preciso partir de longe...

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Nos nossos dias, a chamada Revolution in Military Affairs (RMA) criou em muitos países do Terceiro Mundo uma situação parecida com a que a China enfrentou no seu tempo. Durante a guerra contra a Líbia de Kadafi, a NATO pôde consumar tranquilamente milhares de bombardeamentos e não só não sofreu baixas como sequer correu o risco de sofre-las. Neste sentido a força militar da NATO, mais do que um exército tradicional, parece-se a um pelotão de execução. Assim, a execução final de Kadafi, mais do que um facto causal ou acidental, revela o sentido profundo da operação em conjunto.

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http://resistir.info/losurdo/kadafi_23out11.html

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