Fabiane Roque, da Agência Lusa
Rio de Janeiro, 01 out (Lusa) -- Dois anos após a escolha do Rio de Janeiro para sede dos Jogos Olímpicos de 2016, o dossiê oficial indica obras em dia com o calendário, mas ainda são muitos os desafios que a cidade precisa ultrapassar.
Em pleno Rock in Rio, um dos maiores festivais de música do mundo que decorre este fim-de-semana, a cidade mostra como a sua rede hoteleira é escassa, com turistas de toda parte hospedados em cidades próximas como Niterói, a cerca de 14 quilómetros da capital.
A questão da segurança pública, um tema que já parecia ter sido resolvido após as mudanças realizadas nos últimos dois anos com entrada do poder público em territórios antes dominados por traficantes de droga, voltou a assombrar em episódios recentes.
No início de setembro, criminosos de um grupo criminal remanescente no Complexo do Alemão, na zona norte da cidade, iniciaram uma troca de tiros contra soldados do Exército que fazem a segurança da região desde novembro do ano passado.
Na comunidade Fogueteiro/Fallet, outra favela já pacificada, um ataque de traficantes locais a um grupo de polícias culminou na morte de um dos militares e na posterior substituição do comandante responsável pela área.
O episódio mais grave, no entanto, ocorreu esta semana, quando um tenente-coronel foi preso por suspeita de ter sido o mentor do assassínio da juíza Patrícia Acioli, brutalmente morta a tiro em agosto, quando chegava à sua casa.
A prisão levou ao pedido de demissão do comandante-geral da Polícia Militar, que havia sido o responsável pela nomeação do tenente indiciado.
A falta de segurança também se sente no pitoresco caso das caixas subterrâneas da companhia de gás e energia que andaram a explodir em diversos pontos da cidade, a denunciar a falta de manutenção na infraestruturas de distribuição destes serviços.
Por todos os lados, em especial no bairro de Copacabana e no centro da cidade, podem-se ver obras para tentar resolver este problema, o que, pelo menos por enquanto, apenas ajuda a criar maiores problemas para o trânsito.
O sistema de transportes também passou por uma crise recente, quando um acidente com o elétrico de Santa Teresa terminou com a morte de seis pessoas e dezenas de feridos. O episódio acabou por interromper temporariamente a linha, símbolo do turismo do bairro.
Quanto aos projetos olímpicos, apesar do otimismo dos governantes, os órgãos criados para administrar e coordenar as construções desenvolvidas especialmente para os Jogos ainda não conseguiram definir as prioridades de ação.
No início de agosto, o prefeito Eduardo Paes criou a Empresa Olímpica Municipal, e nomeou a executiva Maria Sílvia Bastos para a presidir. Na ocasião, questionada sobre a criação de mais um órgão para cuidar do tema, a executiva afirmou que o primeiro trabalho a fazer era deixar claro as atividades que seriam conferidas a cada esfera, e organizar o que chamou "matriz de responsabilidades".
Na última declaração à imprensa brasileira, há pouco mais de uma semana, ela disse, no entanto, que a divisão de tarefas ainda não tinha sido concluída.
Entretanto, as obras no principal estádio de futebol da cidade, o famoso Maracanã, já foram ameaçadas em mais de um momento com greves de operários. Mais do que para os Jogos Olímpicos, o estádio precisa ficar pronto para sediar o Mundial de 2014.
Após três tentativas fracassadas, o Rio de Janeiro venceu a disputa para sediar os Jogos Olímpicos de 2016 no dia 2 de outubro de 2009, tendo como os principais adviersários Madrid, Chicago e Tóquio.
*Foto em Lusa
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