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Díli, 22 out (Lusa) - O comissário-geral da Comissão Anti- Corrupção (CAC) de Timor-Leste, Adério de Jesus Soares, disse à agência Lusa que a corrupção é uma realidade no país, mas não é sistemática.
"Estamos a assistir à corrupção, a corrupção está a acontecer em Timor-Leste, mas não penso que seja sistematizada se compararmos com outros países", afirmou Adérito de Jesus Soares.
Segundo o comissário-geral da CAC, é altura de serem tomadas "fortes medidas" de combate à corrupção "antes que seja tarde de mais".
A CAC começou a funcionar em fevereiro deste ano e até ao momento submeteu dez casos de para o Ministério Público.
"Começámos a fazer investigações em fevereiro deste ano, investigámos 22 casos e submetemos 10 ao Ministério Público", afirmou Adérito de Jesus Soares.
Em setembro, a CAC anunciou que tinha entregado uma série de casos por vários tipos de corrupção ao Ministério Público e que havia membros do governo envolvidos.
"A CAC trata todas as pessoas da mesma forma mesmo que sejam diretores-gerais, diretores nacionais ou ministros, tratamos todos da mesma forma. Não há arguidos de primeira e segunda classe", afirmou o comissário-geral da CAC.
Para Adérito de Jesus Soares, é muito importante haver vontade política da liderança para combater a corrupção e disse esperar que o próximo Governo, a eleger em 2012, a tenha.
A CAC tem poder para fazer investigação sobre suspeitas de corrupção, mas também a missão de trabalhar na prevenção.
A comissão tem reunido regularmente com funcionários e membros do governo para explicar o que é corrupção, ética e deontologia do cargo público.
"Fazemos o lado repressivo, a investigação, mas acreditamos que o lado da prevenção é também muito importante", disse, lembrando a mais recente irregularidade cometida por funcionários públicos.
Durante um mês, a CAC monitorizou os cupões de combustível para os veículos de Estado e detetou que "três mil veículos particulares utilizaram os cupões para combustível", explicou.
"Isto é muito perigoso para o país. Parece uma coisa pequena mas se juntarmos tudo é muito", disse.
Para Adérito Soares combater a corrupção é como correr a maratona.
"Temos de saber quando devemos correr depressa e temos de gerir a nossa respiração. Como estas duas coisas funcionam? Temos de dialogar com o Governo e ao mesmo tempo fazer investigação. Temos de saber quando usamos o 'stick', fazer a investigação, e quando devemos de ir falar com os que estão no poder, sentá-las à mesa e dizer-lhes aqui está uma coisa que devemos emendar", explicou à Lusa.
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