sexta-feira, 7 de outubro de 2011

Timor-Leste: Lere Anan Timur queria ser padre, mas acabou chefe das Forças Armadas




MSE - LUSA

Díli, 06 out (Lusa) - Lere Anan Timur, 59 anos, hoje promovido a major-general, assumiu hoje a chefia das Forças Armadas de Timor-Leste, uma carreira em que nunca pensou até porque no início queria ser padre, mas foi rejeitado.

"Eu queria ser padre, mas os padres não quiseram. Possivelmente eles previram que eu ia fazer guerra e não me aceitaram", afirmou à agência Lusa o oficial superior das Falintil-Forças de Defesa de Timor-Leste.

Lere Anan Timur entrou para as FALINTIL movido pelo nacionalismo e pela vontade ver Timor-Leste independente, como outros países do mundo. Tinha 25 anos.

"Eu decidi por minha livre vontade. Ninguém me mentalizou a pegar em armas. Foi por minha livre vontade, movido pelo nacionalismo, patriotismo e a querer ser um povo, uma Nação independente como outros povos do mundo", disse.

Nascido na Ponta Leste no distrito de Lautém, o major-general viveu sempre naquela região e estudou na Escola Salesiana.

Em 1974 ingressou no exército português, onde esteve até ao início da guerra em 1975, altura em que se juntou à guerrilha que lutou contra a invasão indonésia e pela independência do país.

Questionado pela agência Lusa se alguma vez tinha pensado em chegar a chefe das Forças Armadas de Timor-Leste, o major-general confessou que nunca pensou ser quem é hoje.

"Eu nunca pensei. Eu só pensei que um dia Timor ficaria independente. Nunca pensei ser alguém como agora, mas eu sempre pensei que Timor seria um povo, uma Nação como qualquer Nação no mundo", afirmou.

Casado em segundas núpcias, a primeira mulher morreu em 1977 em consequência da guerra, tem seis filhos, "cinco raparigas e um rapaz".

Durante a luta esteve sempre envolvido em atividades militares e confessou à Lusa que o que mais lhe custou foi a transição de guerrilha para força regular.

"A transição da guerrilha para a força regular foi um problema. Um problema em adaptar ao novo sistema, novo regime, nova mentalidade, com novos elementos, foi difícil", disse.

Mas, salientou, as dificuldades têm de ser vencidas, porque só assim há conhecimento, se consegue ser um homem e alguém.

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