FPA (FYRO) - LUSA
Rio de Janeiro, 14 nov (Lusa) - O ambiente era calmo hoje de manhã na Rocinha, Rio de Janeiro, Brasil, os moradores saíam para trabalhar e a polícia continuava na favela, depois de no domingo a ter tomado sem disparos e detido quatro alegados traficantes.
Segundo o site da Globo, a movimentação era normal numa manhã chuvosa, véspera do Feriado da Proclamação da República. A presença da polícia era visível, sobretudo nos principais acessos à favela, localizada na zona sul da cidade.
As escolas continuam fechadas e só devem reabrir na quarta-feira e o trabalho de revista dos moradores, que foi interrompido durante a noite, será retomado hoje de manhã.
O trabalho da polícia, que procura traficantes, drogas e armas, não tem data para terminar. O secretário de Segurança do Rio de Janeiro, José Mariano Beltrame, afirma que, por se tratar de uma área muito grande, ainda há muitos pontos a serem vasculhados. A polícia quer por isso contar com a ajuda dos moradores e admite que ainda estejam escondidos na Rocinha quase 200 criminosos.
"É no mínimo temerário dizer que não há mais ninguém naquele lugar", disse Beltrame, acrescentando que a presença massiva da polícia no local visa precisamente identificar os traficantes ou "qualquer outro equipamento criminoso que eles possam ter". O secretário de Segurança disse que a partir de agora é o Estado que controla uma área dominada há décadas pelo crime organizado.
Durante o primeiro dia de ocupação nas comunidades da Rocinha, Vidigal e Chácara do Céu, a polícia deteve quatro pessoas, apreendeu 20 pistolas, 15 fuzis, duas espingardas e uma metralhadora, material explosivo e três granadas, segundo o balanço da operação "Choque de Paz", que visa instalar uma Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) na região.
A polícia, segundo um novo balanço divulgado hoje, apreendeu ainda 112 quilos de pasta de cocaína, 40 barras de cannabis e cerca de 15 mil munições para diversas armas.
As favelas da Rocinha, Vidigal e Chácara do Céu começaram a ser ocupadas às 4:09 da madrugada (6:09 de Lisboa) de domingo, com a entrada de mais de uma dezena de veículos blindados e homens das Forças Armadas e do Batalhão de Operações Especiais da Polícia Militar (Bope).
Às 6:20 locais (8:20 em Lisboa), o comandante-chefe do Bope, tenente-coronel René Alonso, anunciou que o território estava tomado pelas forças do Estado. As favelas foram tomadas sem que tivesse ocorrido um único disparo.
O secretário adiantou que a instalação de uma UPP ainda não tem uma data prevista para acontecer e dependerá do andamento das próximas ações e da avaliação dos polícias que ali permanecem.
Também o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, disse à Agência Brasil que a Polícia Federal (PF) permanecerá no Rio de Janeiro o tempo que for pedido pelo governador Sérgio Cabral e pelo secretário de Segurança. "O tempo que for necessário, o nosso pessoal ficará por lá", garantiu, sem quantificar o número de agentes da PF no local.
Segundo o governante, a ocupação da Rocinha, do Vidigal e da Chácara do Céu "foi uma operação exemplar", em que "as forças de segurança do Rio de Janeiro, do Ministério da Justiça e do Ministério da Defesa seguiram as mesmas diretrizes do planeamento".
A favela da Rocinha tem 840 mil metros quadrados e 70 mil moradores.
*Foto em Lusa
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