terça-feira, 8 de novembro de 2011

Brasil: Sem-teto ocupam 10 edifícios em SP; valorização imobiliária dificulta acesso à moradia




Marcel Gomes – Carta Maior

Movimentos sem-teto mantêm ocupações de edifícios vazios realizadas na madrugada de segunda-feira (7) e cobram mais políticas públicas. Entre janeiro de 2008 e agosto de 2011, o índice que mede a variação do preço de imóveis na cidade subiu 109%, enquanto o rendimento dos trabalhadores avançou apenas 60%.

São Paulo – Dez imóveis vazios localizados na zona central da capital paulista permanecem ocupados por mais de dois mil manifestantes de movimentos de luta por moradia. As ações ocorreram na madrugada de segunda-feira (7) e têm o objetivo de chamar a atenção para a fragilidade das políticas habitacionais.

Em manifesto enviado ao governador Geraldo Alckmin (PSDB) e ao prefeito Gilberto Kassab (PSD), os ativistas pedem a extensão de programas existentes, como o Bolsa Aluguel e o Locação Social, além da concessão de cartas de crédito por parte da Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano do Estado (CDHU).

De acordo com Ivaneti de Araújo, do Movimento dos Sem Teto do Centro (MSTC), ao menos em um caso houve violência policial. “Um companheiro nosso foi ferido pela Guarda Civil Metropolitana. É incrível como eles não estão preparados para lidar com movimentos sociais. Usaram até gás de pimenta contra idosos e crianças”, denunciou ela à Carta Maior.

Até a manhã desta terça-feira (8), nenhum representante do governo do Estado ou da prefeitura havia entrado em contato com os movimentos para discutir as reivindicações, disse Araújo. As ocupações continuarão por tempo indeterminado.

Em nota, a Secretaria Municipal de Habitação (Sehab) disse esperar que “os ocupantes liberem os prédios para que possa dar seqüência aos programas [como Renova Centro, Programa de Cortiços e Nova Luz] e informa que adotará, se necessárias, as medidas judiciais cabíveis”.

A Sehab afirmou ainda que “mantém diálogo permanente com todos os movimentos de moradia popular” e que o Plano Municipal de Habitação (PMH) já foi aprovado e prevê “medidas de curto, médio e longo prazos para a solução das deficiências habitacionais na cidade”.

Segundo Ivoteni de Araújo, além de políticas públicas insuficientes, a crescente valorização dos preços dos imóveis no município tem agravado ainda mais o problema da falta de moradia.

Entre janeiro de 2008 e agosto de 2011, o índice Fipe/ZAP, que mede a variação do preço de venda de imóveis na cidade, subiu 109%, enquanto o rendimento dos ocupados na região metropolitana de São Paulo avançou apenas 60%, conforme pesquisa do Dieese e da Fundação Seade.

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