terça-feira, 15 de novembro de 2011

HÁ 50 ANOS AVIÕES DA NATO BOMBARDEAVAM EM ANGOLA – IV




MARTINHO JÚNIOR, Luanda

1 – Em “O instrumento militar como produtor de Segurança e Desenvolvimento nos Países de língua portuguesa. Contributos para uma estratégia de Segurança nacional” (http://www.jornaldefesa.com.pt/conteudos/view_txt.asp?id=806), o artigo assinado por Luís Brás Bernardino é disso “exemplar”:
“Estamos a falar no inovador quadro de cooperação militar “bi-multilateral”, onde a desejável e necessária participação de Portugal na União Africana (UA) ou nas Organizações Regionais Africanas, principalmente onde participam os Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOP), contribui indubitavelmente para reforçar a presença Portuguesa em África, podendo assim constituir-se como facilitador de inserção em espaços regionais pouco ou nada explorados pela actual Política Externa Portuguesa.

Neste contexto e em complemento, entendemos que uma Estratégia de Segurança Nacional, deve abranger os espaços donde podem derivar as nossas principais ameaças e se tivermos uma participação activa nessas regiões, melhor compreenderemos o nível de risco que pode daí derivar...

Por outro lado, para Portugal, como membro da UE e pretendendo constar como um elemento activo na cooperação para África, ao alinhar procedimentos com a Estratégia Conjunta África-UE, pode constituir-se na charneira entre países, organizações e continentes, actuando como um dos principais agentes da Política Externa da União Europeia para o continente africano.

Portugal, encontrando-se no vértice do triângulo estratégico com África, pode assumir uma preponderância nas relações económicas, sociais, políticas e diplomáticas com este continente, que tem consequências directas na Política Externa de Segurança e Defesa (PESD) Europeia.

Neste prisma, a Política Externa de Segurança e Defesa, encontra-se orientada para a promoção dos valores do Estado de Direito e da boa governação, apostando na capacitação das Forças Armadas na Reforma do Sector da Segurança (RSS) dos Estados como forma de criar as condições para um desenvolvimento sustentado em segurança, onde Portugal pode e deve ter um papel estrategicamente relevante.

Importa referir neste contexto, que também no quadro da NATO, Portugal é um dos elementos fundamental na inserção em África e na ligação com as Organizações Regionais Africanas, fundamento da estratégia de actuação da Aliança e tendo em vista a consecução das recentes intervenções neste continente.

Com efeito, sendo Portugal membro fundador da OTAN e estando instalado em território nacional um dos seus actuais Comandos de nível Operacional (Joint Force Command Lisbon), precisamente o de vocação africana, não podemos deixar de ter um envolvimento mais activo na actual abordagem ao continente Africano”…

2 – O papel de “potência intermediária” que alguns na NATO (e no AFRICOM) destinam a Portugal, obriga-nos pois não só a recordar o passado de há 50 anos de acções com emprego de meios da NATO no tempo da ditadura de Salazar; obrigam-nos também, quando o continente africano é alvo de acções como a levada a cabo na Líbia, a pensar se as condições de ditadura financeira em que se encontra a Europa, não serão um sinal de que a NATO não só não acabou o seu “quadro de missões” em África, como também Portugal desempenha o papel dum “inteligente e diligente cavalo de Tróia” dessa Organização Militar!

Neste caso, o que pode ser considerado de “bom” para Cabo Verde, terá de ser considerado de “bom” para, por exemplo, Angola e Moçambique?

PAZ SIM, NATO NÃO!

Fotografia:
O héli-canhão, que passou a ser utilizado no leste por tropas de desembarque e assalto; uma vez que os Allouette III possuem grande capacidade de manobra, o héli-canhão foi muito mortífero e garantia o êxito operacional do agressor, que quase sempre explorava o efeito surpresa, aliado ao potencial de fogo e à manobra do desembarque.


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