quarta-feira, 2 de novembro de 2011

Israel pune palestinos com novos assentamentos e corte de verbas por entrada na Unesco





"São cerca de 2 mil casas em áreas que, em qualquer acordo de paz futuro, ficarão em mãos de Israel", diz o governo

Israel decidiu nesta terça-feira (01/11) acelerar a construção de 2 mil novas casas nos territórios ocupados de Jerusalém Oriental e Cisjordânia, além de suspender temporariamente a transferência de verbas aos palestinos, como medida de retaliação à decisão da Unesco de aceitar a Palestina como membro de pleno direito.

Essas foram as decisões tomadas nesta terça-feira pelo Governo do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, em reunião realizada em Jerusalém, que contou com a participação dos oito ministros mais relevantes do Gabinete.

As novas casas serão construídas em Jerusalém Oriental e nos assentamentos judaicos de Ma'ale Adumim e Gush Etzion, no território ocupado da Cisjordânia.

"São cerca de 2 mil casas em áreas que, em qualquer acordo de paz futuro, ficarão em mãos de Israel", diz uma mensagem do Gabinete do primeiro-ministro israelense, na qual as autoridades ameaçam "novas medidas" de retaliação em uma próxima reunião.

A suspensão de fundos à ANP tem por enquanto caráter temporário, até que seja adotada uma decisão final a respeito, disse à agência Efe uma fonte oficial israelense que falou sob condição de anonimato. "Não há ainda uma decisão definitiva sobre a transferência do dinheiro, mas pode ser adotada muito em breve".

Israel arrecada e transfere à Autoridade Nacional Palestina (ANP) 100 milhões de shekels mensais (cerca de R$ 47 milhões) na condição de impostos, taxas e tarifas alfandegárias, em virtude dos Acordos de Paris (1995), protocolo econômico dos Acordos de Oslo.

A reunião tinha sido convocada nesta segunda-feira com o objetivo expresso de analisar as respostas à aceitação da Palestina na Unesco, iniciativa contestada por Israel e Estados Unidos. Para ambos, a inclusão do povo árabe como membro pleno da entidade contraria os esforços de paz negociada no Oriente Médio.

A fonte oficial israelense argumentou que as medidas adotadas pelo Executivo respondem à "rejeição palestina de retornar às conversas de paz e, em seu lugar, comparecer aos organismos da ONU para tomar medidas unilaterais".

A Organização para a Libertação da Palestina (OLP), por sua vez, pediu nesta terça-feira ao Quarteto para o Oriente Médio - grupo integrado pelos EUA, ONU, União Europeia e Rússia - e ao restante da comunidade internacional uma condenação de Israel pelas decisões aprovadas.

"Esperamos que os membros do Quarteto e o restante da comunidade internacional condenem nos termos mais enérgicos esta atitude israelense para consolidar a ocupação", disse à Agência Efe Xavier Abu Eid, porta-voz da OLP.

Ele também criticou a decisão de Israel de acelerar as construções nos assentamentos judaicos. "Essas construções demonstram que a verdadeira intenção de Israel não é negociar, mas nos ditar a solução. Significam que não temos um parceiro para a paz".

Os impostos que Israel congelará são vitais para as finanças da administração palestina na Cisjordânia e na Faixa de Gaza, pois a maior parte desses recursos é utilizada para o pagamento dos salários dos servidores.

Apesar disso, o porta-voz da OLP afirmou que os palestinos não cederão às medidas de pressão israelenses. "(A Palestina) continuará suas ações não violentas para seguir defendendo os direitos legítimos do povo palestino, incluindo o acesso aos organismos internacionais".

Tanto Israel como os Estados Unidos - principal aliado do Estado judaico - repudiaram a iniciativa da Unesco de incorporar a Palestina como membro. Ambos decidiram nesta segunda-feira cortar o financiamento concedido à agência da ONU, o que representa uma redução de um quarto do orçamento da entidade.

A imprensa local já indicava nesta terça-feira que o Executivo israelense tendia a aprovar a construção de novas unidades nas colônias situadas em "lugares que Israel não considera problemáticos", embora o anúncio tenha recebido "críticas internacionais".

Israel considera Jerusalém como sua "capital eterna e indivisível do povo judeu" e não faz distinções entre o território delimitado pela Linha Verde e o do armistício de 1949, que pôs fim à primeira guerra árabe-israelense.

Os assentamentos de Gush Etzion, no distrito de Belém, e Ma'ale Adumim, ao leste de Jerusalém, são dois dos três grandes blocos de colônias que o Governo israelense busca anexar em um eventual acordo de paz com os palestinos.

Conforme o direito internacional, os assentamentos no território ocupado por Israel desde 1967 são ilegais e prejudicam a viabilidade de um Estado palestino.

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