ANTÓNIO VERÍSSIMO
“Até hoje, o povo timorense tem sido apenas um espetador deste grande feito conquistado por eles, a Independência, mas não será para sempre... Os abutres criminosos têm os seus dias contados em Timor Leste.” – Zizi Pedruco
Este 12 de Novembro, como os outros, é um dia que traz inquietação aos amigos de Timor-Leste que há 20 anos choraram de tristeza e de raiva incontida pelo que vinham sabendo a conta gotas sobre o Massacre no cemitério de Santa Cruz, em Díli. Os números finais dos chacinados pelos carrascos indonésios ainda estão por apurar, com tristeza sabemos que são na ordem de centenas e não aquilo que as estimativas oficiais nos querem fazer acreditar.
A inquietação deste dia, 20 anos depois, prende-se com constatadas incertezas relativamente ao futuro de Timor-leste e dos timorenses. Prende-se também com a impunidade com que presentearam os militares e polícias assassinos indonésios, prende-se com a falta de transparência e honestidade com que a ONU e outras instâncias internacionais encararam e encaram o genocídio levado a cabo pelo regime de Suharto através dos militares assassinos que ainda hoje recebem condecorações e mordomias do regime indonésio e internacionalmente sem que sequer se responsabilize um só que seja pelos atos praticados contra civis indefesos que somente se manifestavam em critica e repúdio contra a invasão do país ordenada pela admnistração norte-americana.
Escapou Suharto ao Tribunal Penal Internacional, escapam os generais e outras patentes menores dos militares assassinos indonésios, escapa Henry Kissinger e outros responsáveis dos EUA pelos morticínios em Timor-Leste, todos escapam e vivem em completa impunidade. Escapam, inclusive, timorenses traidores e assassinos dos seus compatriotas e irmãos que ao serviço das secretas, das policias e dos militares indonésios, decidiram assassinar aqueles que somente perseguiam com toda a legitimidade a independência e a democracia para o país brutalmente invadido às ordens de uma política norte-americana igualmente assassina.
Não se diga que mudam os tempos e que se mudam as vontades neste aspeto. Ainda hoje os assassinatos perpetrados pelas políticas e ações militares norte-americanos fazem milhares de vítimas inocentes, não resultando daí outra coisa senão a impunidade. O TPI é para outros assassinos mas nunca para norte-americanos, ingleses ou assassinos de nacionalidades de países afetos à máfia da NATO. Vemos o que sucedeu e sucede na Líbia, vimos na atualidade como os EUA invadem com as suas tropas certos países para assassinarem este e aquele por “decreto” que nada tem que ver com uma justiça regular, legal, democrática e obediente aos direitos humanos… Hoje como antes os EUA são a nação mais impune pelos crimes praticados em todo o mundo e contra imensos povos. À laia daquilo que se passou em Timor-Leste hoje tudo se repete em menor ou maior escala neste globo terrestre dominado por fascistas da atualidade abrigados sob a bandeira norte-americana e bandeiras dos seus aliados. Hipocritamente, os EUA baseiam-se numa legalidade que não existe e que viola sistematicamente a Carta das Nações Unidas. Tal e qual o caso da invasão de Timor-Leste em 1975 e por quase 25 anos, mais grave ainda por aqueles políticos e generais assassinos norte-americanos receberem o apoio incvondicional e subserviente do mundo ocidental que se diz humanista, legalista e democrático, o que é uma verdadeira falácia. Pergunte-se: onde está o TPI e a ONU? Não só para o caso do genocídio em Timor-Leste mas sim para fazer valer a justiça, a legalidade que os EUA e os seus aliados sistematicamente violam impunemente.
Julgue-se na justiça e com justiça os assassinos indonésios, julgue-se Kissinger, julguem-se todos os assassinos que globalmente vão gozando de impunidade. Só assim poderá acabar esta inquietação sobre o Massacre de Santa Cruz e tantos outros que aconteceram, que acontecem e hão-de acontecer se não for feita justiça.
Sobre Timor-Leste e sobre este dia que se comemora com tristeza, em que se recordam amigos e amigas assassinados, familiares, gente amada, homens, mulheres, jovens, crianças e velhos só poderemos aplacar um pouco as nossas tristezas e revolta pelas impunidades com uma certeza que uma amiga timorense provavelmente sem saber me proporcionou, decerto que muito outros: Zizi Pedruco, no Timor Hau Nian Doben afirma no final de um texto que tomei para a abertura no topo e repito associando aqui: “Até hoje, o povo timorense tem sido apenas um espetador deste grande feito conquistado por eles, a Independência, mas não será para sempre... Os abutres criminosos têm os seus dias contados em Timor Leste.”
Pois que se cumpra e que já faltem poucos dias para que se faça justiça não só em Timor-Leste mas por todo o mundo, independentemente das nacionalidades dos hediondos criminosos.
De Timor-Leste, sobre este dia tão memorável, não pude resistir a “roubar” o texto que se segue, repleto de Pátria Maubere na sua simplicidade e carência de verdadeira justiça, liberdade, independência, democracia. Algo que Xanana Gusmão e outros lideres de nomeada teimam em não proporcionar ao país e ao povo timorense devido a abrigarem em políticas baixas e indecorosas, na ganância e no roubo do que é de todos os timorenses. Que na verdade tenham “os dias contados” é o que podemos desejar em homenagem aos timorenses assassinados, aos que sobreviveram e aos que hão-de nascer… de preferência numa Pátria Maubere justa.
A inquietação justifica-se. Para quando justiça em Timor-Leste?
VINTE ANOS DEPOIS…
ZIZI PEDRUCO – TIMOR HAU NIAN DOBEN
Hoje celebra-se o 20º aniversário do Massacre de Santa Cruz, um marco histórico na História sangrenta de Timor Leste, foi este o evento que abriu os olhos do mundo para o sofrimento e a brutalidade a que os timorenses estavam a ser sujeitos nas mãos dos carrascos indonésios.
Vinte anos volvidos após o Massacre de Santa Cruz, o Povo Maubere tem nos seus " bolsos " a Independência a um preço extremamente oneroso, centenas de milhares de timorenses tiveram de morrer para sermos livres e independentes, seria bom que NUNCA mas NUNCA nos esqueçamos disso.
É nosso dever como timorenses de honrarmos e dignificarmos aqueles que padeceram e morreram para nos oferecerem de volta o nosso solo pátrio. Uma prenda que nunca nenhum de nós poderá retribuir, porque não tem preço.
Pois... Deveria de ser assim... Mas a cruel realidade demonstra que NÃO, que não temos dignificado a nossa História nem tão pouco os nossos heróis e mártires, as poucas homenagens prestadas a esta grande gente são feitas em dias especiais e com palavras que caem em saco roto, só para serem politicamente corretos, só para não dizerem que os esquecerem. A HIPOCRISIA DOS NOSSOS GOVERNANTES NO SEU MELHOR.
Estes CANALHAS não têm feito nada para honrar a nossa História ou o nosso povo, incluindo os jovens do Massacre de Santa Cruz, NADA!
Perdoaram a quem nos matou, e espezinham e maltratam quem conquistou a Independência deste país, o povo! A isto, estes canalhas chamam de política de reconciliação...Não há reconciliação quando uma das partes é injustiçada.
Esta politica a que chamam de reconciliação apenas reconciliou os integracionistas, que hoje, muitos deles se encontram na chefia de ministérios de um Timor independente, e dizem que alguns deles têm as mãos manchadas de sangue do nosso povo, lembremo-nos do Massacre de Liquiça... Estes alegados assassinos têm gozado à farta a Independência que não queriam. IRONIA CRUEL...
Agora o povo, esse... Continua acorrentado e tem de se contentar com as migalhas envenenadas que lhes vão ofertando de vez em quando, e apenas quando restam uns trocos dos milhões que este governo tem feito desaparecer dos cofres do Estado...Política de reconciliação, das contas bancárias, deles!
"Segundo dados do Comité 12 de Novembro, mais de 60 por cento das pessoas que participaram no massacre de Santa Cruz está desempregado e vive com menos de dois dólares por dia. "
"Não tenho trabalho porque não tenho diploma", afirmou Pedro Pinto à agência Lusa. Gostava de ser pedreiro, carpinteiro, soldador, mas precisa de ter formação." - Pedro Pinto, sobrevivente do Massacre de Santa Cruz.
Este povo e os nossos heróis continuam a ser espezinhados e desonrados mas já não são os indonésios ou os portugueses os carrascos, mas sim a nossa própria gente. Quem diria que foi para isto que estes jovens cheios de bravura deram as suas vidas há vinte anos atrás. Que nos perdoem...
Um grande homem, Sua Excelência Taur Matan Ruak, disse uma frase tão verdadeira que relata a cruel realidade atual de Timor Leste.
" Ita La’os Beik, Halo To’os Hotu Tiha, Ita Ba Tur Hateke No Lekirauk Mak An”. - TAUR MATAN RUAK
" Nós não somos ignorantes, plantamos tudo, e vamos sentar e olharmos os macacos a comerem " - Taur Matan Ruak
Até hoje, o povo timorense tem sido apenas um espetador deste grande feito conquistado por eles, a Independência, mas não será para sempre... Os abutres criminosos têm os seus dias contados em Timor Leste.
1 comentário:
Oh Dona Pedruco,
Voçê amordaça, insulta e espezinha os que tentam escrever alguma coisa no seu blog, à boa maneira do Samora, e agora vem para aqui chorar lágrimas de corcodilo!!! A Mana de boca fechada dava uma excelente poeta.
Quem era um grande canalha era o Samora, que a Srª. parece querer resuscitar da tumba e que depois de ter libertado o povo, mandou matar aos milhares o seu próprio povo, Timor não quer isso nunca mais.
Beijinhos da Querida Lucrécia
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