NAJLA PASSOS – CARTA MAIOR
Relatório das Nações Unidas sobre desenvolvimento humano global defende necessidade de medidas arrojadas contra pobreza e devastação ambiental. Repetição do avanço visto em 40 anos levaria a progresso 'extraordinário', mas cenário agora é de incerteza. Alerta coincide com posições que Brasil levará à Rio+20, a Conferência sobre Desenvolvimento Sustentável.
BRASÍLIA – A persistência da desigualdade entre países ricos e pobres e da degradação ambiental representam um sério risco para o desenvolvimento das nações mais pobres. O progresso global dos últimos 40 anos - cujo ritmo, se repetido nas próximas quatro décadas, produziria resultados “extraordinários” – está ameaçado, se não forem tomadas medidas arrojadas contra as variações climáticas, danos ambientais e desigualdades.
O alerta é do Relatório de Desenvolvimento Humano (RDH) 2011, “Sustentabilidade e Equidade: Um futuro melhor para todo”, elaborado pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud). O documento foi divulgado nesta quarta feira (02) em Copenhague, na Dinamarca, país cujo governo se comprometeu a reduzir emissões de carbono em 40% nos próximos dez anos.
Segundo o estudo, de 1970 a 2010, os países que estavam entre os 25% piores colocados no ranking de desenvolvimento humano (187 nações, no total) melhoraram sua situação geral em 82%, o dobro da média mundial. Mantida esta velocidade, a maioria das nações pobres atingiria, em 2050, Índice de Desenvolvimento Humano igual ou melhor do que o de países que, hoje, ocupam as primeiras posições.
“As previsões sugerem que o continuado insucesso na redução dos riscos ambientais graves e das crescentes desigualdades sociais ameaça abrandar décadas de progresso sustentado da maioria pobre da população mundial – e até inverter a convergência global do desenvolvimento humano”, afirma a administradora mundial do Pnud, Helen Clark, no prefácio do estudo.
O alerta ocorre às vésperas da Rio+20, a Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável que o Brasil sediária no ano que vem. E coincide com as posições iniciais do país, que defenderá que o futuro do planeta depende da superação da pobreza e redução das desigualdades.
Ainda de acordo com o relatório, as projeções apontam que, em muitos casos, os mais desfavorecidos suportam e continuarão a suportar os impactos da deteriorização ambiental, mesmo que não tenham contribuído – ou contribuído pouco – para o problema.
Apesar de três quartos do crescimento das emissões desde 1970 provirem de países com um IDH 'baixo', 'médio' e 'elevado' – categorização feita pelo Pnud - os níveis globais de efeito estufa mantêm-se muito mais significativos nos países com IDH 'muito elevado'.
O estudo revela, entretanto, que o crescimento econômico explica, em grande parte, as emissões, mas não são deterministas. Haveria evidências de que as emissões de carbono estiveram associadas ao crescimento da renda, nas últimas décadas. Porém, elas não apresentam correlação com outras variáveis do IDH, como expectativa de vida e educação.
Resumindo, os padrões não são inevitáveis. “O crescimento impulsionado pelo consumo de combustíveis fósseis não é um pré-requisito para uma vida melhor em termos de desenvolvimento humano mais amplo”, afirma Helena Clark.
Pessimismo
O alerta é do Relatório de Desenvolvimento Humano (RDH) 2011, “Sustentabilidade e Equidade: Um futuro melhor para todo”, elaborado pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud). O documento foi divulgado nesta quarta feira (02) em Copenhague, na Dinamarca, país cujo governo se comprometeu a reduzir emissões de carbono em 40% nos próximos dez anos.
Segundo o estudo, de 1970 a 2010, os países que estavam entre os 25% piores colocados no ranking de desenvolvimento humano (187 nações, no total) melhoraram sua situação geral em 82%, o dobro da média mundial. Mantida esta velocidade, a maioria das nações pobres atingiria, em 2050, Índice de Desenvolvimento Humano igual ou melhor do que o de países que, hoje, ocupam as primeiras posições.
“As previsões sugerem que o continuado insucesso na redução dos riscos ambientais graves e das crescentes desigualdades sociais ameaça abrandar décadas de progresso sustentado da maioria pobre da população mundial – e até inverter a convergência global do desenvolvimento humano”, afirma a administradora mundial do Pnud, Helen Clark, no prefácio do estudo.
O alerta ocorre às vésperas da Rio+20, a Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável que o Brasil sediária no ano que vem. E coincide com as posições iniciais do país, que defenderá que o futuro do planeta depende da superação da pobreza e redução das desigualdades.
Ainda de acordo com o relatório, as projeções apontam que, em muitos casos, os mais desfavorecidos suportam e continuarão a suportar os impactos da deteriorização ambiental, mesmo que não tenham contribuído – ou contribuído pouco – para o problema.
Apesar de três quartos do crescimento das emissões desde 1970 provirem de países com um IDH 'baixo', 'médio' e 'elevado' – categorização feita pelo Pnud - os níveis globais de efeito estufa mantêm-se muito mais significativos nos países com IDH 'muito elevado'.
O estudo revela, entretanto, que o crescimento econômico explica, em grande parte, as emissões, mas não são deterministas. Haveria evidências de que as emissões de carbono estiveram associadas ao crescimento da renda, nas últimas décadas. Porém, elas não apresentam correlação com outras variáveis do IDH, como expectativa de vida e educação.
Resumindo, os padrões não são inevitáveis. “O crescimento impulsionado pelo consumo de combustíveis fósseis não é um pré-requisito para uma vida melhor em termos de desenvolvimento humano mais amplo”, afirma Helena Clark.
Pessimismo
O relatório denuncia que 40% da terra do planeta encontra-se degradada devido à erosão dos solos, diminuição da fertilidade e sobrepastoreiro. A produtividade da terra recua, com perda de rendimento que pode chegar à metade, nos cenários mais negativos.
Outro problema se deve a relação das populações com a agricultura, que consome de 75% a 80% da utilização de água do planeta. Um percentual de 20% da produção de cereais utiliza água de forma insustentável.
O declínio dos estoques de peixes prejudicará a dieta das comunidades ribeirinhas e de zonas insulares e costeiras. Também afetará fontes de renda e emprego na indústria do turismo regional. Os maiores riscos, inclusive, colocam-se aos 1,3 milhão de pessoas que trabalham na agricultura, pesca, silvicultura, caça e apanha.
As mudanças climáticas elevarão os níveis do mar, reduzirão as chuvas e aumentarão as temperaturas. O relatório aponta estimativa de aumento de 50 centímetros no nível do mar nos próximos 40 anos, o que poderá inundar áreas costeiras de 31 países da América Latina e do Caribe, incluindo o Brasil.
O desmatamento, entretanto, é o maior desafio apontado no cenário atual. Na última década, América Latina e Caribe sofreram as maiores perdas florestais, seguida pela África Subsaariana e pelos Estados Árabes. As demais regiões ganharam ligeira cobertura, causada pelas políticas de reflorestamento. Ainda assim, a desertificação ameaça as terras áridas de um terço da população mundial.
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