terça-feira, 22 de novembro de 2011

PORTUGAL PODE TER UMA GUERRA CIVIL





A democracia com mais de 30 anos desiludiu os portugueses. Os que lutaram pela liberdade e pelo pluripartidarismo estão desencantados e lamentam o raio de sorte que caiu em cima do povo. Um raio paulatino e profundo que arrasou com as esperanças de uma vida melhor para as gerações vindouras. Antes pelo contrário, a emigração continua a ser o caminho seguido por jovens e maduros.

Sentado em frente da lareira da minha casa serrana dei por mim a meditar sobre este Portugal sem rumo. Nas ruas de Lisboa sucedem-se as manifestações de protesto contra o Orçamento do Estado, que mais não é que uma cartilha de uns senhores que se intitulam donos do mundo. Manifestações que já incluíram militares, aliás, militares reformados ou na reserva, porque essa história dos militares “já” estarem a protestar contra a “situação” tem muito que se lhe diga. Os verdadeiros militares estão nos quartéis do Exército, Força Aérea e Marinha. E esses, não são os “comunas” que estão na rua a gritar contra as injustiças. Os que estão nos quartéis é uma casta que há muito já devia ter merecido a análise profunda dos especialistas em assuntos políticos e sociais. Os que estão nos quartéis, na sua maioria, são homens com uma formação política muito conservadora, muito ligada aos partidos de direita ou de extrema-direita. Que ninguém lhe passe pela cabeça que os homens que hoje têm a farda e a arma possam alguma vez intentar um golpe de Estado para benefício do Partido Comunista ou do Bloco de Esquerda. Nem pensar. Se um dia, se desenvolvesse uma qualquer “golpada” militar nos dias que correm, seria algo muito parecido com o que foi executado por Pinochet no Chile.

A democracia com mais de 30 anos desiludiu os portugueses. Os que lutaram pela liberdade e pelo pluripartidarismo estão desencantados e lamentam o raio de sorte que caiu em cima do povo. Um raio paulatino e profundo que arrasou com as esperanças de uma vida melhor para as gerações vindouras. Antes pelo contrário, a emigração continua a ser o caminho seguido por jovens e maduros.

O desencanto manifesta-se através das mais diversas formas de protesto ou de desabafo. Dizer-vos que a situação que se vive actualmente em Portugal pode desaguar num lago infinito de lágrimas.

Quando medito sobre as manifestações e as greves constantes, concluo que as mesmas já não nos levam a parte alguma onde resida uma solução justa, igualitária ou solidária. Até um cantautor do meu tempo, o Sérgio Godinho, se mostra desapontado. Ele, que através da cantiga fez política e lutou para que o País obtivesse a sua dignidade no areópago das nações, acabou de lançar um novo disco, o vigésimo primeiro da sua carreira, sob o título “Mútuo Consentimento”. O cantor, compositor, escritor, actor e realizador, com uma carreira artística de invejável longevidade, concedeu algumas entrevistas e mostrou o seu desapontamento. “A vida está muito difícil. Mas reivindicar por reivindicar não vale nada. Não nego o valor das manifestações, mas acho que tem de ser acompanhado por um trabalho de construção, de arranjar alternativas. Reivindicar sim, é justo, sobretudo na crise em que estamos. Mas com maleabilidade de encontrar alternativas”, afirmou Sérgio Godinho. Concordo absolutamente. Andamos a reivindicar há mais de trinta anos por aumentos de salários, por saúde e educação gratuitas, por subsídios de férias e de Natal, por mordomias tantas que a realidade está aí sem apelo nem agravo. Não há dinheiro para pagar as reivindicações. E onde está a solução? Na greve, na manifestação, na convulsão, quando o País necessita urgentemente de mais produção? Obviamente, que não. E ainda mais grave: se as greves e manifestações não encontram um fim, neste tempo previsivelmente provisório de crise, então, teremos certamente o descambar de portugueses contra portugueses até aos limites mais radicais. E a isso, normalmente, chama-se guerra civil.

1 comentário:

Anónimo disse...

Guerra civil em Portugal? Não me faça rir...

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