DANIEL OLIVEIRA – EXPRESSO, opinião, em Blogues
Ontem fiz uma critica ao relatório sobre a RTP. Dei-me ao trabalho de o ler, coisa que não aconselho a ninguém. Mas levei a sério a existência deste grupo de trabalho. Dedicado ao texto, escaparam-me as declarações do coordenador do grupo, João Duque. Defendeu o grupo por ele dirigido que a RTP Internacional deveria ser tutelada pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros. Em entrevista, o gestor acrescentou que a informação deste canal deve ser "filtrada" e "trabalhada" e que se o governo "quiser manipular mais ou manipular menos, opinar, modificar, é da sua inteira responsabilidade porque estamos convencidos que o faz a bem da Nação porque foi sufragado e eleito para isso".
Paulo Portas, que foi jornalista e é ministro dos Negócios Estrangeiros, já se distanciou, talvez um pouco enojado, destas declarações.
Por mim, dei por perdido o meu tempo a ler e escrever sobre este relatório. Suspeitava que João Duque não sabe rigorosamente nada sobre comunicação social. Se soubesse, nunca poderia ter escrito aquele relatório. Ontem fiquei a saber que a sua familiaridade com a liberdade de imprensa e o Estado Democrático é também nula. O que não me espantou, já que foi o presidente do ISEG que apresentou, há umas semanas, Angola como um exemplo a seguir por Portugal.
O que me preocupa? Que pessoas que nem o mais básico das regras da democracia conhecem sejam convidadas pelo Estado para dirigir um grupo de trabalho que tem como função apresentar propostas para o serviço público de comunicação social. Diz muito sobre quem nos governa.
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