sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

2012 – PORTUGUESES ENFRENTAM EM JANEIRO VAGA DE AUMENTO DE PREÇOS



Público - Lusa

Do café às águas engarrafadas, aos refrigerantes, ao pão, Janeiro marca o início da vaga de aumentos de preços decidida pelo Governo para 2012. Os restaurantes que abrirem no domingo já têm de aplicar as novas taxas do IVA. Na saúde, as taxas moderadoras podem no próximo ano chegar aos 50 euros. Ir ao teatro ou ao cinema vai também ser mais caro.

O café deverá ficar entre cinco e dez cêntimos mais caro, segundo prevê a Associação Industrial e Comercial do Café (AICC) para um café que custe 60 cêntimos. O aumento (o preço será sempre definido pelos cafés e restaurantes) reflecte no consumidor um duplo efeito: a subida da taxa de IVA do produto e na restauração.

Os industriais do sector encaram as subidas com preocupação. Segundo Maria José Barbosa, presidente da AICC, poderá haver estabelecimentos “que sacrifiquem as suas margens comerciais e suportem este aumento”, mas, antecipou à Lusa, “serão situações muito excepcionais”.

O mesmo deverá acontecer com a água engarrafada. Se as empresas reflectirem no preço de venda ao público a subida do IVA de seis para 13%, o preço também deve aumentar, prevê Associação dos Industriais de Águas Minerais Naturais e de Nascente. Francisco Furtado Mendonça, que preside à associação, diz ser impossível prever qual o efeito, porque cada empresa tem abordagens diferentes, explica. “Não é uma boa notícia para o sector”, comentou à mesma agência.

A Associação Portuguesa das Empresas de Distribuição admite que, na conjuntura económica adversa, “o sector não tem condições para acomodar a subida” do IVA, mas espera continuar a “apresentar propostas de valor aos consumidores”.

Pão sobe para suportar aumento do IVA

A indústria de panificação antecipa que o pão e os bolos fiquem mais caros, para as empresas minimizarem o impacto da subida do IVA na restauração e as quebras de 30 a 45% que prevêem no consumo.

A secretária-geral da Associação do Comércio e da Indústria de Panificação, Pastelaria e Similares (ACIP), Graça Calisto, admite que a subida do preço vai ser incontornável, mas recusa falar de aumentos. “Não se pode falar de subida do preço, porque uma subida implica que os industriais tivessem lucro. Trata-se apenas de não ter prejuízos e de acomodar a subida do IVA”.

Pelo contrário, o leite é um dos produtos que devem manter o preço em 2012. É o que prevê a Associação Nacional dos Industriais de Lacticínios (ANIL), tendo em conta a preocupação dos produtores em conter a quebra no consumo, apesar do aumento de custos para o sector.

“As empresas têm uma preocupação muito clara: conter qualquer aumento de custos. As grandes superfícies estão a ser muito exigentes com os seus fornecedores e a possibilidade de haver aumentos é muito reduzida, pelo menos no primeiro trimestre”, afirmou à mesma agência secretário-geral da ANIL, Pedro Pimentel.

Os preços de venda ao público do tabaco e das bebidas alcoólicas devem aumentar no próximo ano devido a uma subida de impostos que, em média, atinge 2,3% nas bebidas e 4,6% no tabaco.

Nos cigarros, a estrutura das taxas será alterada segundo o Orçamento do Estado para 2012, que foi promulgado nesta sexta-feira pelo Presidente da República, Cavaco Silva, e já publicado no Diário da República. Actualmente, o tabaco é tributado através de um imposto específico, em euros, e um imposto denominado ‘ad valorem’, em percentagem do preço base.

Taxas moderadoras podem chegar aos 50 euros

As taxas moderadoras vão duplicar na maior parte dos casos em relação aos valores actuais, e passam ainda a ser cobradas em alguns serviços de saúde até agora gratuitos.

As taxas das urgências polivalentes passam a custar 20 euros, quando custavam 9,60 euros. A urgência básica e a urgência médico-cirúrgica, que custavam 8,60 euros, passam a custar 15 euros e 17,5 euros, respectivamente.

Quanto às urgências dos centros de saúde, terão a partir do próximo ano um valor de taxa moderadora de 10 euros, o que representa um acréscimo de 6,20 euros face aos atuais 3,80 euros.

Sem comentários:

Mais lidas da semana