ANGOLA PRESS
Catete - Angola poderá sofrer consequências severas decorrentes da recessão económica na Europa que se vislumbra para 2012, tendo em conta a actual crise económica na zona euro, se não forem encontradas, urgentemente, soluções de aplicação imediata para a situação no ocidente.
A previsão foi feita pelo deputado do MPLA e economista Manuel Nunes Júnior quando dissertava o tema "A actual crise na zona euro e as repercussões nas relações económicas internacionais", inserido no programa das VI Jornadas Parlamentares do MPLA, que decorrem no município do Icolo e Bengo, província de Luanda.
O prelector fundamentou que “Europa é uma parte da economia mundial muito importante para falhar, dado o nível das relações comerciais que tem com todos os países. Com a recessão estima-se uma quebra na produção na ordem de dois porcentos”.
Se confirmar esta previsão, continuou, as consequências para economias de países como Angola serão drásticas porque vai diminuir a procura por produtos importantes como o petróleo, levando a queda do seu preço e, devido a dependência da economia angolana neste produto, a diminuição das receitas fiscais.
Perante este cenário, de acordo com Manuel Júnior, haverá deficit no orçamento e no pagamento das dívidas.
O economista avançou que para minimizar a situação deve-se apostar na diversificação da economia. Angola não pode ficar 85% dependente dos recursos tributários do petróleo”.
”Temos de fazer tudo para que sejamos mais autónomos, devendo-se investir na agricultura, indústria transformadora e noutros sectores que nos levem a ser menos vulneráveis a choques externos”, apontou.
Fazendo uma abordagem geral do tema, Manuel Júnior disse que a Europa atravessa uma crise profunda, não por causa do problema dos défices e das dívidas, mas porque o euro foi criado numa altura em que não estavam criadas as condições necessárias para o efeito.
Referiu que, embora a Europa esteja cada vez mais integrada, do ponto de vista económico, ainda não atingiu a integração fiscal e os trabalhadores dos vários países que à compõem não circulam livremente, divido a barreiras culturais e linguísticas, estando aqui a origem na crise.
Na sua visão, a existência de um uma moeda única em tais circunstâncias constituiu uma grande dificuldade porque tira a flexibilidade a estes países para fazer face a situações adversas, como esta.
Lembrou que o acordo alcançado a 27 de Outubro não resolveu o problema da crise do euro, sobretudo pelo facto de não se ter conseguido aumentar o fundo europeu de estabilização.
Mais recentemente, o outro acordo alçando na cimeira do dia 9 de Dezembro não conseguiu acalmar os mercados que continuam agitados, porque definiu medidas que serão aplicadas a médio e a longo prazo e não imediatamente.
Manuel Júnior manifestou-se convicto de que os receios dos investidores sobre a evolução dos mercados certamente retornarão, as taxas de juros vão subir e os bancos continuarão a ter problemas de tesouraria.
“Este acordo, o quarto deste ano, para salvar o euro, certamente não será o último. A grande questão é que uma falha nesta altura significará um golpe irreversível que se traduzirá num colapso do Euro que causará uma crise profunda pior do que a verificada em 2008/2009”, asseverou.
Pontualizou que a recessão levará ao aumento de défice orçamentais, das dividas, bem como do aumento dos protestos populares pelas medidas de austeridades e de reformas que estão a ser levadas a cabo em todo o mundo.
Segundo o prelector, a solução passa por um pronunciamento nos próximos dias do Banco Central Europeu sobre as medidas adequadas para salvar o ocidente.
Por outro lado, vê na China um possível “salvador da Europa” já que, como disse, estão em curso negociações para que o país asiático, que possui um superavit fiscal muito alto, financie o fundo de estabilização Europa.
Sem comentários:
Enviar um comentário