DIÁRIO DE NOTÍCIAS - LUSA
Pelo menos dez mortos, quase 500 feridos e mais de 180 pessoas foram detidas em três dias de confrontos entre manifestantes civis e polícias e militares no centro do Cairo.
A violência instalou-se na capital egípcia, onde manifestantes se opõem à liderança militar, no poder desde o derrube do presidente Hosni Mubarak.
Nos últimos três dias, pelo menos dez pessoas morreram e perto de 500 ficaram feridas nos confrontos que decorrem sobretudo junto ao parlamento e ao conselho de ministros, perto da Praça Tahrir, centro nevrálgico do movimento popular que, apoiado pelos militares, conduziu ao derrube do regime de Mubarak, em fevereiro.
Fontes de segurança detalharam à agência espanhola Efe que já foram detidas 181 pessoas, apanhadas em flagrante na posse de cocktails Molotov, atacando as forças policiais e militares e assaltando edifícios governamentais.
A agência de notícias estatal egípcia Mena noticiou, por seu lado, que 164 pessoas foram acusadas e levadas a tribunal por participação em ataques contra membros das forças armadas e da polícia e por resistência às autoridades.
Manifestantes civis e forças da ordem trocam acusações mútuas de instigação à violência, brutalidade e vandalismo.
Estes confrontos são os mais graves desde os que se registaram poucos dias antes de 28 de Novembro, data em que começaram a realizar-se as primeiras eleições legislativas no país desde a queda de Mubarak, causando 42 mortos, na maioria no Cairo.
O Conselho Supremo das Forças Armadas (CSFA), que dirige o país desde a saída de Mubarak, publicou no Facebook e no YouTube imagens de pilhagem de um edifício governamental.
Segundo relata a agência francesa AFP, manifestantes entraram hoje no Instituto Egípcio, palco de um incêndio no sábado, sobre o qual ambos os lados do conflito rejeitam responsabilidade, para extrair manuscritos antigos, queimando uma grande parte.
O ministro da Cultura, Chakar Abdal Hamid, qualificou o incêndio no edifício histórico de "catástrofe para a ciência", pois ali se encontravam "manuscritos muito importantes e livros raros dos quais será difícil voltar a encontrar um equivalente".
O primeiro-ministro, Kamal al-Ganzuri, assinalou que está em curso uma "contrarrevolução", que não é feita pelos "jovens da revolução", e assegurou que "nem o exército nem a polícia abriram fogo" contra os manifestantes.
Os manifestantes reclamam o fim do poder militar, enquanto prossegue a segunda fase das legislativas. A primeira fase, realizada em um terço do país, deu 65 por cento dos votos aos partidos islamistas, dos quais 36 por cento para a Irmandade Muçulmana e 24 por cento para os fundamentalistas salafitas.
*Foto em Lusa
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