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Cidade da Praia, 07 Dez (Inforpress) - O investigador José Ferreira alertou hoje na Cidade da Praia, pelas dificuldades na elaboração de um Vocabulário Ortográfico Nacional (VON) do Novo Acordo Ortográfico tendo em conta a especificidade insular de Cabo Verde.
O docente do Instituto de Linguística Teórica e Computacional (ILTEC) de Lisboa, que está a ministrar o primeiro curso técnico para a elaboração VON, disse à Inforpress que para a realização desse trabalho é preciso ter acesso a dados que sejam representativos de variedade linguística falada em cada país.
“Em Cabo Verde levanta-se algumas questões, sobretudo, porque por vezes é difícil fazer a divisão de fronteira entre aquilo que é crioulo e aquilo que é língua portuguesa, no entanto, serão utilizados dados de fontes escritas que têm proveniência de todo o arquipélago e espera-se que no final, o resultado seja representativo da variedade do português falado em Cabo Verde como um todo”, disse.
Segundo aquele especialista, para elaborar um vocabulário é necessário recolher dados que possam incorporar um grande repositório de dados linguísticos que mostrem como a língua é usada nesse país.
“A partir desses dados é possível, aplicando algumas metodologias e ferramentas, construir um léxico que depois será tratado lexicograficamente de modo a construir um vocabulário”, explicou.
É por isso que, na formação a decorrer na Cidade da Praia, conforme José Ferreira, estão a ser fornecidos métodos, ferramentas e procedimentos para a obtenção desses dados.
“Uma vez terminada essa formação, todas as representantes das equipas nacionais presentes terão condições para reunir esses dados de modo a conseguirem perceber com critérios científicos de que modo se fala a língua portuguesa no seu país”, referiu.
Esse curso técnico acontece na sequência da primeira reunião técnica internacional sobre Vocabulário Ortográfico Comum (VOC), que decorreu na capital cabo-verdiana, entre 26 e 29 de Setembro último, destinado a linguistas de Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, São Tomé e Príncipe e Timor Leste.
Esses especialistas, indicados pelas respectivas comissões nacionais do IILP, vão coordenar em cada um dos países a elaboração do VON, que virá a integrar a base comum do VOC.
O curso é também ministrado pela docente Gladis Barcelos dos Núcleo Interinstitucional de Linguística Computacional (NILC) da Universidade Federal de São Carlos e da Universidade de São Paulo.
O VOC do Novo Acordo Ortográfico deverá estar pronto em Julho de 2014, conforme garantiu esta semana o director executivo do Instituto Internacional da Língua Portuguesa em Cabo Verde, (IILP), Gilvan de Oliveira.
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