segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

Gémeos tratados a elefantíase em Coimbra regressam ao país com ambição de vida normal



MCS – LUSA, com foto

Coimbra, 25 dez (Lusa) -- Dois gémeos são-tomenses com elefantíase foram tratados com sucesso em Coimbra e regressam agora ao seu país com a saúde restabelecida ao fim de muitos anos de sofrimento e ambicionando uma vida normal.

A elefantíase é uma doença parasitária que provocou graves deformidades nas pernas de Nelson Sacramento e Nilton Sacramento, de 33 anos, incapacitando-os para a marcha e provocando-lhes outros problemas.

Internados no Serviço de Cirurgia Plástica e Reconstrutiva dos Hospitais da Universidade de Coimbra (HUC) durante cerca de três meses, os irmãos foram operados diversas vezes para retirar os vários quilogramas de tecidos afetados das pernas.

"Correu tudo bem, graças a Deus está tudo bem", disse Nelson, falando com a Agência Lusa na casa situada na Pocariça (Cantanhede), onde está alojado com o irmão até ao regresso, quinta-feira, a São Tomé e Príncipe.

Nilton, ainda com queixas de algumas dores, mostrou-se também animado com as intervenções que lhe permitiram voltar a caminhar, abrindo perspetivas de uma vida normal, não possível antes com a imobilização e sofrimento causados pela doença.

"Vou ver se consigo arranjar um trabalho para sustentar a vida, antes não era possível ter um trabalho porque tinha vergonha da perna. É o sonho que eu tenho, é não ficar parado, arranjar um trabalho para arranjar um dinheiro para comprar pão para comer", disse, referindo que lhe foram retirados cerca de 17 quilogramas de tecidos alterados pelos cirurgiões plásticos dos HUC.

Sara Ramos, médica da equipa que tratou os irmãos, disse à Agência Lusa que o balanço das cirurgias "é positivo", tendo os jovens recuperado a função da marcha.

"Com o problema da perna tinha vergonha, não dava para entrar numa loja, não dava para parar num ambiente, no meio de amigos", explicou Nelson Sacramento. "Agora dá para fazer tudo."

Antes destas cirurgias, Nelson e Nilton enfrentavam o fantasma da amputação como forma de solucionar o problema -- disseram os próprios e o cônsul na Zona Centro da República Democrática de São Tomé e Príncipe, José Diogo.

Para José Diogo, este foi um dos projetos mais gratificantes em que se envolveu.

"Deu-me uma grande satisfação ver o jovens com este sorriso", afirmou, destacando o desânimo em que viviam antes.

Tratados nos HUC no âmbito de protocolo entre as direções-gerais de Saúde dos dois países lusófonos, os gémeos têm tido o apoio de diversas entidades na sua estada e internamento em Coimbra, nomeadamente da Associação Padre Manuel (Pocariça), que desencadeou todo o processo quando, no decurso de uma missão de solidariedade, uma dirigente se deparou com os gémeos doentes.

Esta associação está também a apoiar o regresso dos jovens a São Tomé, nomeadamente dando-lhes formação e ferramentas para cortes de cabelo.

"Um corte de cabelo, por cinco mil dobras (20 cêntimos de euro), dá para pagar cinco pãezinhos", explicou a presidente, Maria da Conceição Nora.

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