quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

Gorbachev clama por renúncia das autoridades russas e realização de novas eleições



Opera Mundi - Efe

Partido Rússia Unida, de Medvedev e Putin, é acusado de arquitetar fraude na último pleito

O último presidente da URSS (União Soviética), Mikhail Gorbachev, afirmou nesta terça-feira (13/12) que as autoridades russas, em especial o presidente Dmitri Medvedev e o primeiro-ministro Vladimir Putin, devem renunciar em razão das inúmeras denúncias de fraude nas eleições parlamentares de 4 de dezembro. Os protestos do ex-líder comunista, porém, não impediram que o chefe de Estado marcasse a primeira sessão do Parlamento russo, a Duma, para o próximo dia 21.

"O melhor passo que poderia ser adotado pelas autoridades seria que apresentassem sua renúncia", afirmou Gorbachev em declarações à emissora de rádio Eco de Moscou.

Gorbachev criticou a reação das autoridades diante das reivindicações. Para ele, são necessárias medidas como novas eleições, anulação dos resultados fraudados, libertação dos presos políticos e investigação de todas as irregularidades. Todos esses pedidos foram apresentados pela oposição no grande protesto de 10 de dezembro, em Moscou.

"Vejo como as autoridades reagiram. Eles querem desacelerar o processo e dilatá-lo. Agora há eleições, depois festas natalinas, eles pensam que talvez não aconteça nada", apontou. "Não podemos permitir que não aconteça nada. Defendo e defenderei, e o mais importante, digo na frente de todos, que devemos anular as eleições", acrescentou.

O ex-líder comunista denunciou que as autoridades atuais já tiraram do povo as eleições diretas dos governadores, a opção "contra todos" nas cédulas eleitorais e o voto por circunscrições.

"Se as autoridades vão tratar a sociedade desta forma, se vão mobilizar, manobrar e organizar todos seus recursos, a sociedade então deve ser capaz de responder a isso", afirmou o ex-presidente soviético.

Em sua opinião, "é preciso dizer claramente que se (as autoridades) não vão apresentar uma proposta sobre como solucionar o principal dos problemas, anular as eleições, terá que buscar outras saídas".

Desta forma, acrescentou, "as autoridades vão provocar elas mesmas a passagem de métodos democráticos a outras vias".

"Tudo isto já me dá náuseas. Se em 12 dias não for proposta uma solução ao problema da anulação das eleições, estaremos em nosso direito de dizer ao povo que o faça por si próprio. E há muitos meios", disse.

Gorbachev, que nos últimos meses criticou o primeiro-ministro, Vladimir Putin, pelo retrocesso das liberdades na Rússia, fez um apelo às autoridades na semana passada para que anulem os resultados das eleições parlamentares e convoquem uma nova votação.

"Os dirigentes do país devem admitir que ocorreram inúmeras falsificações e fraudes, e que os resultados não refletem a vontade dos eleitores", disse Gorbachev à agência Interfax.

A oposição acusa o partido governista Rússia Unida, liderado por Putin, de falsificar os resultados eleitorais para obter a maioria absoluta na Duma, a Câmara dos Deputados.

Outro lado

Líder do partido governista Rússia Unida, Medvedev anunciou o primeiro dia de trabalhos da Duma logo após a realização de uma reunião com os líderes das quatro legendas partidárias que vão formar a Câmara dos Deputados russa.

No último domingo, através de uma mensagem no Facebook, o líder russo também assegurou que tinha dado ordem de investigar todos os casos relativos ao descumprimento da legislação eleitoral.

Porém, na mesma mensagem, o presidente russo também manifestou seu descontentamento com "as palavras de ordem" no grande comício de protesto, que foi realizado no último domingo em Moscou.

Vice-presidente da legislatura anterior, o comunista Ivan Melnikov assegurou que abordaria todas as denuncias de irregularidades no pleito e a configuração da Câmara dos Deputados na nova legislatura de cinco anos no encontro com Medvedev.

Já o líder social-democrata, Sergei Mironov, adiantou que seu partido, Rússia Justa, "está em seu direito ao exigir uma investigação parlamentar para apurar todas as denúncias que foram expostas".

*Foto Efe

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