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Bissau, 06 dez (Lusa) - O FMI vai disponibilizar de imediato 3,8 milhões de dólares (2,8 milhões de euros) para apoio orçamental à Guiné-Bissau, na sequência da avaliação positiva à economia do país, que teve um "crescimento forte" em 2011.
O anúncio foi feito hoje em Bissau pelo representante residente do FMI, Alfredo Torres, depois de na passada sexta-feira o Conselho de Administração da entidade ter aprovado em Washington a terceira avaliação do desempenho económico da Guiné-Bissau (no âmbito do programa Facilidade de Crédito Ampliado).
Falando numa conferência de imprensa em Bissau, Alfredo Torres salientou o "crescimento robusto e forte" da economia guineense, especialmente nos setores da castanha do caju, construção, energia e serviços, levando o crescimento do PIB, este ano, para os 5,3 por cento.
A Guiné-Bissau também melhorou a nível das exportações e as perspetivas para 2012 "são, de forma geral, positivas", apesar das vulnerabilidades.
Alfredo Torres disse que a Guiné-Bissau deverá manter um crescimento acima dos 4,5 por cento nos próximos anos mas que será fundamental que tome medidas tendentes a reforçar as receitas, como "a diminuição dos subsídios implícitos, a modernização da administração fiscal, o alargamento da base tributária e o melhoramento dos controlos aduaneiros".
O responsável reconheceu que o país cresceu este ano acima das expetativas (5,3 por cento), mas considerou que em 2012 não "estarão presentes" alguns fatores de crescimento deste ano, além de haver possíveis fatores externos.
"Até ao momento não é possível identificar um efeito da crise da Europa sobre o sistema financeiro da Guiné-Bissau" e em toda a África subsaariana "mas pode haver efeitos indiretos", pelo que "achamos que um crescimento de 4 a 4,5 por cento é adequado", disse.
Mais otimista está o ministro das Finanças da Guiné-Bissau, José Mário Vaz, que acredita ser possível chegar em 2012 a uma taxa de crescimento acima dos 5 por cento, embora aprecie a prudência do FMI.
O ministro disse mesmo que em 2012 poderá até haver um orçamento retificativo, "porque estão em curso alguns projetos ligados à produção de arroz, que vão potenciar ainda mais o crescimento económico".
Em 2012, a Comissão da UEMOA (União Económica e Monetária Oeste Africana) vai financiar mil hectares de produção de arroz, o BOAD (Banco Oeste Africano de Desenvolvimento) vai financiar dois mil hectares, e o BADEA (Banco Árabe para o Desenvolvimento Económico em África) vai financiar cinco mil hectares.
O governo também está a contar com a transformação da castanha do caju, através de um fundo de oito mil milhões de francos CFA (12 milhões de euros), que já existe.
A estratégia do país para 2012, disse José Mário Vaz, será a de "atacar" o défice da balança comercial e assumir "uma política rigorosa na substituição de importações". A Guiné, explicou, deve apostar na transformação do caju e na exportação de peixe e produzir mais arroz, evitando as importações anuais de 90 mil toneladas (que custam 53 milhões de dólares, 39,5 milhões de euros).
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