domingo, 18 de dezembro de 2011

Macau: METADE PELA REFORMA, UM TERÇO NÃO SABE



STEPHANIE LAI - PONTOFINAL

A conclusão é do Centro de Estudos “Um País, Dois Sistemas”, que inquiriu a população sobre a evolução do sistema político. Há 46 por cento a favor da mudança, mas mais de 30 por cento não sabem o que querem.

 “Apatia” ou “falta de consciência e compreensão”, concluem os autores de um estudo que sondou a opinião pública sobre o processo de reforma política, conduzido pelo Centro de Estudos “Um País, Dois Sistemas”. Tudo porque cerca de um terço dos inquiridos diz ser incapaz de manifestar posição sobre qualquer aspecto da matéria.

Mas, ainda assim, a maior parte – cerca de metade – está a favor do alargamento da participação eleitoral no território. De acordo com os resultados da sondagem, 46 por cento da população está a favor da revisão das metodologias para a eleição dos deputados à Assembleia Legislativa e do Chefe do Executivo.

O estudo foi realizado através de inquérito telefónico, entre os dias 21 de Novembro e 6 de Dezembro, que ouviu as opiniões de 1071 indivíduos com idade igual ou superior a 18 anos. Mais de 45 por cento dos entrevistados tinham entre 46 e 56 anos de idade, com a juventude (18 a 24 anos) a ocupar apenas uma fatia de 20 por cento. Os inquéritos por telefone fixo apanharam em casa estudantes (12,6 por cento), aposentados (11,9 por cento), funcionários de casinos (11,2 por cento) e donas de casa (dez por cento).

O Centro de Estudos “Um País, Dois Sistemas” sondou o grau de satisfação da população com o progresso democrático (mais dois deputados eleitos pela via directa desde 2009) registado desde a transferência de Administração. Mais de 48 por cento dos inquiridos consideram a evolução aceitável e uma percentagem superior a 32 por cento entende que esta é satisfatória.

Quanto à necessidade de rever os procedimentos para a eleição do Chefe do Executivo, com um eventual alargamento da comissão de 300 membros que escolhe o líder do Governo, 30,5 por cento dos inquiridos não manifestam posição. Outros 26 por cento defendem que “não há qualquer necessidade de mudar a comissão eleitoral”. Os que estão pela mudança – para 450 elementos, na sondagem promovida pelo organismo com sede no Instituto Politécnico – são apenas 11 por cento.

No que toca à composição da Assembleia Legislativa, a falta de opinião sobre o número de assentos directos afecta mais de um terço, 32,6 por cento. A maior parte (38 por cento), porém, está a favor de um aumento. Há 26,4 por cento que defendem a manutenção do actual número de eleitos pela população, e 2,7 por cento que defende a sua redução.

Na via indirecta de representação no hemiciclo, há 35,7 por cento que não manifestam posição. Perto de um terço, 31 por cento, acha que não há necessidade de mudar. Pelo alargamento estão 16,9 por cento, e 15,9 por cento são favoráveis à redução do número destes deputados.

No que toca à bancada dos nomeados pelo Executivo, volta a haver indecisão: 36 por cento “não sabem” responder à questão sobre se o número de deputados deve aumentar, diminuir ou manter-se. Há 33,5 por cento a favor de deixar tudo como está, 20,7 por cento a favor do corte e 9,5 por cento pelo aumento.

Para o director do Centro de Estudos “Um País, Dois Sistemas”, Ieong Wan Chong, os resultados do estudo – com mais de um terço dos inquiridos a não manifestar opinião – traduzem uma “atitude de apatia ou a falta de consciência e compreensão sobre a questão da reforma política”. No entanto, aponta o académico, “é evidente que a generalidade dos entrevistados está ciente da pressão para que haja progresso na reforma política do território”.

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