RTP
A polícia angolana não efetuou qualquer detenção no âmbito da manifestação antigovernamental de sábado em Luanda, garantiu hoje à Lusa o porta-voz da Polícia Nacional.
O comissário Carmo Neto precisou que "o direito de manifestação está consagrado na Constituição, e que a Polícia Nacional tem o dever de garantir o exercício desse direito".
"As manifestações correspondem a uma das formas de liberdade de expressão, consagradas na Constituição angolana e cuja proteção, com vista a prevenir atos de desordem pública, é uma atribuição da Polícia Nacional", destacou.
Quanto ao número de feridos resultantes dos incidentes, testemunhados pela Agência Lusa no local e durante os quais foi possível ver três manifestantes feridos acompanhados por agentes da polícia, o comissário Carmo Neto respondeu "não ter informações" a esse respeito.
"Eu não estive no local, mas vou informar-me e amanhã (segunda-feira) poderei ter mais elementos", acrescentou à Lusa.
O comissário Carmo Neto recordou ainda que a Policia Nacional dispõe de mecanismos a que os cidadãos podem recorrer para reclamar da atuação das forças policiais.
"Qualquer cidadão pode e deve fazer recurso aos Guichés de Reclamação do Cidadão no Comando Geral da Polícia Nacional e junto dos Comandos provinciais", frisou.
O porta-voz da Polícia Nacional lamentou ainda que alguns "manifestantes tentem politizar a situação", quando aludem a detenções efetuadas pela polícia.
A Lusa contactou hoje um dos organizadores da manifestação, Massilon Chiondombe, que se regozijou com o facto da Polícia Nacional estar disponível para receber queixas de cidadãos sobre a atuação da polícia, e garantiu que vão ser feitas as reclamações.
"Temos vídeos e nomes dos polícias envolvidos, dos que estavam à civil, e dos comandantes que nada fizerem quando os polícias à civil carregaram sobre os manifestantes, por isso vamos reclamar e vamos ver o acompanhamento que vão dar", vincou.
Quanto ao número de feridos, Massilon Chindombe disse que serão seis ou sete, entre os quais ele próprio.
A manifestação de sábado foi convocada pelo autodenominado Movimento Revolucionário Estudantil e por mais dois movimentos juvenis de carácter local.
O protesto, dirigido contra o Presidente José Eduardo dos Santos, que acusam de estar há 32 anos no poder e a quem reclamam esclarecimentos sobre o seu enriquecimento, visava efetuar uma concentração na Praça da Independência, mas sucessivas barragens policiais procuraram impedir os manifestantes de aproximar do local.
A polícia interveio de forma musculada, com recurso a cães e agentes a cavalo e foi reforçada por polícias vestidos à civil.
A manifestação de sábado em Luanda foi a quinta desde o início do ano, tendo a do dia 03 de setembro terminado igualmente com uma carga policial e a detenção de 21 manifestantes, 18 dos quais foram julgados e condenados a penas de prisão entre um mês e 90 dias, por ofensas corporais à polícia e danos materiais.
*Foto em Lusa
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