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Lisboa, 09 dez (Lusa) - A comunidade portuguesa de Clermont-Ferrand, França, manifesta-se no sábado junto à Prefeitura e à Câmara Municipal para tentar inverter a decisão de encerrar o vice-consulado local, disse à Lusa fonte da organização.
"Pedimos a mobilização da comunidade portuguesa para que o Governo volte atrás e preserve o consulado, que já existe há 45 anos e serve a segunda comunidade mais forte de França", disse João Veloso, presidente da Associação "Os Camponeses Minhotos", uma das dez associações que organizam o protesto.
O objetivo é pedir ao governador civil e ao presidente da autarquia que apoiem a comunidade e enviem cartas ao Governo português a pedir que não encerre as representações consulares.
"A comunidade portuguesa está muito bem vista pelos franceses, temos as portas abertas", afirmou, adiantando que uma das vereadoras da autarquia é portuguesa.
João Veloso recordou que o vice-consulado serve sete departamentos administrativos, referiu que só no de Puy-de-Dôme há 35 mil portugueses e alertou para o número crescente de novos emigrantes.
"Há imensos portugueses a chegar todas as semanas. Estão a trabalhar em situação difícil, sentem-se perdidos e sem apoio. Às vezes vêm com contratos de Portugal, são enganados e têm de regressar", disse o dirigente, alertando que se não houver vice-consulado, terá de ser a autarquia a resolver essas situações. "É uma imagem muito feia que fica", disse.
Para o responsável, o encerramento do vice-consulado é desnecessário, já que o edifício onde se situa está pago. "Se é um problema de funcionários, em vez de seis ponham quatro", disse João Veloso, que duvida dos valores apontados para o prejuízo daquela representação.
O responsável lamentou ainda que o encerramento do vice-consulado sirva para "fechar a boca das comunidades de Nantes ou Lille, que com certeza têm muito menos portugueses do que Clermont-Ferrand".
"Nem Lyon consegue ter tantos portugueses como nós", afirmou João Veloso, alertando que o encerramento vai obrigar os portugueses a percorrer 200 quilómetros e a pagar portagens.
Além disso, quando a comunidade de Clermont-Ferrand tiver de recorrer ao consulado de Lyon, "a sobrecarga vai ser enorme", alertou. "As pessoas já vão zangadas daqui porque lhes fecharam o vice-consulado, perdem um dia e vão ser mal recebidas... Vai ter de haver polícia à porta para evitar os confrontos".
João Veloso disse ainda à Lusa ter recebido do secretário de Estado das Comunidades, José Cesário, a informação de que haveria uma permanência consular em Clermont-Ferrand. "Mas isso é só para cartões de cidadão e passaportes. Não chega, precisamos de muitos outros papéis", disse, alertando que haver um ou dois funcionários de 15 em 15 dias para atender todos os pedidos vai criar "dificuldades enormes".
Após a manifestação de sábado, as associações têm previsto um encontro na embaixada de Portugal em Paris, a 17 de dezembro, durante a qual pretendem entregar uma petição.
O encerramento de sete embaixadas e cinco postos consulares, anunciado recentemente pelo ministro dos Negócios Estrangeiros, Paulo Portas, tem mobilizado protestos de emigrantes portugueses na Europa, nomeadamente em França, Alemanha e Andorra.
Em declarações à Lusa na quarta-feira, o secretário de Estado das Comunidades, afirmou encarar "com toda a naturalidade" os protestos, mas justificou que se trata de "atos de administração que são impostos pela situação económica do país nalguns casos e também, obviamente, em função do reduzido movimento que alguns destes postos têm".
*Foto em Lusa
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