quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

Presidente da Bolsa de Valores pediu exoneração do cargo mas não obteve resposta



SBR (JSD/CLI) - LUSA

Lisboa, 21 dez (Lusa) -- O presidente da Bolsa de Valores de Cabo Verde, detido na terça-feira no âmbito de investigações sobre tráfico de droga, pediu a exoneração do cargo há mais de quatro meses, mas não obteve resposta, segundo a agência de notícias cabo-verdiana Inforpress.

Veríssimo Noé Pinto, detido no âmbito da operação "Lancha Voadora", que investiga tráfico de droga e branqueamento de capitais, ainda é o presidente do conselho de administração da Bolsa de Valores de Cabo Verde (BVC) porque o seu pedido de exoneração ficou em "stand by", de acordo com "uma fonte segura" citada pela Inforpress, que comentou: "Hoje, a situação é o que é por negligência de alguém."

De acordo com a Inforpress, anteriormente cabia ao Conselho de Ministros, através de uma resolução, exonerar Veríssimo Noé Pinto da presidência da Bolsa de Valores. No entanto, segundo a fonte ouvida pela agência, com a entrada em vigor da lei de base das empresas públicas, o representante do Governo na assembleia geral da BVC podia tê-lo feito.

Segundo a lei, Veríssimo Noé Pinto não podia abandonar o cargo enquanto não fosse deferido ou indeferido o seu pedido de exoneração.

Entretanto, uma outra fonte ouvida pela Inforpress, que trabalha diretamente com Veríssimo Pinto mas que não quis identificar-se, garantiu que este tem estado a fazer despachos na qualidade de presidente do conselho de administração da BVC.

Fonte da Polícia Judiciária confirmou hoje à Lusa a detenção de Veríssimo Pinto, que já se encontra no tribunal para ser ouvido.

Segundo a televisão e a rádio de Cabo Verde, a operação "Lancha Voadora" resultou também na detenção de dois empresários da construção civil, do também empresário Djoy Gonçalves, de um mestre de pesca e de duas mulheres, a mãe e a irmã de Paulo Pereira e Carlos Gil Gomes Silva, ambos presos desde outubro no âmbito das mesmas investigações (o terceiro é Quirino Manuel dos Santos).

As detenções ocorreram na sequência de buscas da Polícia Judiciária a empresas e residências, onde foram encontrados "documentos comprometedores", que estabelecem ligações dos suspeitos à rede de tráfico de drogas e branqueamento de capitais.

A operação "Lancha Voadora" começou a 08 de outubro, quando a Polícia Judiciária fez a maior apreensão de droga de sempre no arquipélago de Cabo Verde: 1,5 toneladas de cocaína em elevado estado de pureza, com um valor estimado em milhão e meio de contos cabo-verdianos (13,5 mil euros).

A droga estava armazenada num prédio da Achada de Santo António, paredes-meias com a Televisão de Cabo Verde.

Na operação, foram apreendidos milhares de euros e de outras moedas sul-americanas e milhões de escudos cabo-verdianos em notas e confiscadas cinco viaturas topo de gama, três jipes, duas cabines duplas, uma moto de mar e um quadriciclo, para além de algumas armas.

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