segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

PORTUGAL RECUSA LIBERTAR INFORMAÇÕES SOBRE VOOS DA CIA



Público - Lusa       

Portugal recusou fornecer às associações de direitos humanos Reprieve e Access Info Europe informação sobre os voos secretos da CIA que transportaram suspeitos de terrorismo após os ataques de 11 de Setembro, enquanto Cabo Verde nem sequer respondeu ao pedido.

Segundo noticia a agência americana Associated Press, 13 membros da União Europeia -- Portugal, Áustria, França, Itália, Letónia, Roménia, Espanha, Suécia, Reino Unido, Bulgária, República Checa, Estónia e Eslovénia -- declinaram o pedido daquelas duas associações para libertarem informações sobre os voos secretos que transportaram centenas de suspeitos de terrorismo detidos pela CIA no estrangeiro para a base militar dos EUA em Guantánamo (Cuba), no âmbito das operações pós-atentados de 11 de Setembro de 2001 nos Estados Unidos.

As duas associações também não receberam resposta de outros países, como Albânia, Azerbaijão, Geórgia, Islândia, Rússia, Turquia e Canadá, nem do Eurocontrol, regulador do tráfego aéreo com sede em Bruxelas.

Em concreto, a Reprieve (com sede em Londres) e a Access Info Europe (com sede em Madrid) pediram dados sobre tráfego aéreo que pudessem esclarecer o percurso dos designados voos de rendição realizados pela agência de informações dos Estados Unidos.

Estas duas organizações e outras trabalham há anos para juntar as peças do puzzle que envolve o transporte, em voos secretos, de centenas de suspeitos de terrorismo detidos pela CIA no estrangeiro para a base de Guantánamo.

A CIA nunca confirmou a localização exacta daquelas detenções, mas os activistas de direitos humanos falam em utilização de tortura para extrair confissões de terrorismo em países como Tailândia, Afeganistão, Lituânia, Polónia e Roménia.

Apenas 7 de 27 países forneceram as informações pedidas: Estados Unidos, Dinamarca, Finlândia, Alemanha, Irlanda, Lituânia e Noruega.

Dos restantes, cinco alegaram que já não estão na posse daqueles dados -- Reino Unido, Bulgária, República Checa, Estónia e Eslovénia --, três outros recusaram partilhar os elementos pedidos -- Portugal, Canadá e Suécia, e ainda o regulador Eurocontrol -- e treze outros não responderam, mais de dez semanas após o pedido -- Cabo Verde, Albânia, Áustria, Azerbaijão, Geórgia, França, Islândia, Itália, Letónia, Roménia, Rússia, Espanha e Turquia.

As duas organizações acusam os países que se recusaram a responder de “cumplicidade” nos voos secretos da CIA e de “falta de transparência”.

No relatório citado pela AP, as organizações assinalam ainda que o silêncio da Europa contrasta com a postura dos Estados Unidos, que entregaram registos da autoridade de aviação federal com mais de 27 mil segmentos de voo.

Washington -- destacam -- forneceu, “de longe, a resposta mais completa”.

Em 2007, o Conselho da Europa estimou em 1245 os voos operados pela CIA que sobrevoaram o continente europeu.

O programa de detenção e interrogatório levado a cabo pela CIA terá terminado em 2009.

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