sábado, 21 de janeiro de 2012

CAVACO SILVA: O ABOMINÁVEL GANANCIOSO DE BELÉM



António Veríssimo

OBVIAMENTE, DEMITA-SE!

Aconteceu o inacreditável. Um individuo que está farto de lucrar em excesso pelo facto de se ter filiado num partido político que lhe tem permitido ascender ao poder, como primeiro-ministro e como presidente da república, retirando ainda desse estatuto vantagens imensuráveis – como é hábito nos que usam a política e os cargos de poder – vem publicamente insultar a dignidade e a inteligência dos portugueses relativamente à fraca verba somada de reformas que aufere, que diz não lhe bastar para satisfazer as despesas. O indivíduo em questão é Cavaco Silva, o abominável ganancioso que ocupa o Palácio de Belém, residência oficial do presidente da república, Aníbal Cavaco Silva.

Ontem, dia das declarações insultuosas de Cavaco Silva, foi mais um dos dias em que este cidadão tão privilegiado disse meias verdades. Declarando o valor da reforma que recebe da Caixa de Aposentações, 1300 euros, não referindo a soma invejável de mais 8 mil euros e uns trocos de reformas que recebe, assim como as enormes mordomias que lhe são proporcionadas pelo Banco de Portugal. Daí Cavaco recebe ainda subsídio de Natal e de férias, ao contrário de imensos portugueses, que não recebem por assim ter decidido o governo do seu correligionário e primeiro-ministro Passos Coelho. De outras mordomias ainda beneficia sem que se preocupe com a equidade que tão hipocritamente diz defender.

Cavaco Silva é useiro e vezeiro em dizer meias verdades. Viu-se isso sempre. Ainda agora recentemente relativamente ao pagamento da sisa da sua casa de luxo adquirida na Aldeia da Coelha, Albufeira, Algarve. Onde ombreia com os seus amigos Catroga e Oliveira Costa, entre outros que vêm desde há anos acamaradando e dando a sensação de que se constituíram num bloco de negócios aparentemente dúbios que quando não vão dar a uns em resultados parece que vão dar a outros desse mesmo grupo, por volta está o PSD, partido de Cavaco e do atual PM Passos Coelho.

Outra meia-verdade recente foi pressentida quando Cavaco quis esclarecer a negociata de umas ações que Oliveira Costa lhe comprou – e à sua filha – a preço admiravelmente superior ao que valiam e lhes proporcionou um lucro “meio esquisito”. Para os portugueses, nem a sisa foi justamente paga e houve ludíbrio ao imposto, nem a negociata com Oliveira Costa foi devidamente explicada. Mas o assunto “morreu” e a justiça não se mete nisso. Ele sempre é um homem poderoso e um assombroso economista… em Portugal – porque em terra de cegos quem tem olho é rei.

E agora, de Cavaco, este abominável individuo que nem mede quando está a desrespeitar os portugueses tão massacrados por medidas que ele aprova, e agora, lá vimos e ouvimos outra meia-verdade, referindo o valor da reforma menor e não referindo o restante e maior valor que lhe permite receber mensalmente cerca de 10 mil euros. Cavaco tem despesas superiores a 10 mil euros mensais? Então vive mesmo à grande, muito acima do razoável e das suas capacidades. É o que aparenta com tais declarações. Declarações de verdadeira ofensa à maioria de esfarrapados de Portugal.

É este indivíduo que se declara com dificuldades económicas para suportar as suas despesas? Ele está ou não a provocar e ofender os portugueses? É evidente que sim. É este indivíduo que reúne as competências e qualidades para exercer o cargo de presidente da república? É evidente que não. É evidente que possui uma enorme insensibilidade em relação ao país real. É evidente que é portador de uma ganância que supera a razoabilidade e que até se manifesta doentia. E é essa “doença” que o faz agir e falar como ontem, com o maior dos desplantes e desprezo por quase todos nós, principalmente pelos reformados pensionistas que recebem mensalmente menos de 200 euros, ou pouco mais de 300 euros, a vastíssima maioria dos idosos em Portugal.

Aníbal Cavaco Silva demonstrou ser o abominável ganancioso que ocupa Belém e que a dignidade e bem senso recomendam que se demita. O que aconteceu é muito grave. Aquele indivíduo não nos merece o menor respeito no desempenho do cargo para que foi eleito. Isto foi a gota de água que fez transbordar o copo da tolerância democrática. Não devemos protelar mais esta exigência: obviamente, demita-se!

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