sábado, 7 de janeiro de 2012

Chuvas torrenciais estão a afetar milhares de refugiados angolanos regressados da RDCongo




EL – NME - Lusa

Joanesburgo, 06 jan (Lusa) - Milhares de refugiados provenientes da República Democrática do Congo, que regressaram a Angola no âmbito de um programa das Nações Unidas, estão a ser afetados por chuvas torrenciais no norte de Angola, noticiou hoje a agência Irin.

Segundo aquela agência, tutelada pelo Gabinete da ONU para Coordenação dos Assuntos Humanitários, 50 mil pessoas, entre as quais 24 mil refugiados, "são as primeiras vítimas do que promete ser uma estação de chuvas muito forte" na região.

"Nos últimos quatro meses, pelo menos 50 mil pessoas - 24 mil das quais são refugiados -, em 10 aldeias da província de Uíge, norte de Angola (que faz fronteira com a RDCongo) foram afetadas por chuvas torrenciais e inundações", disse António Maiandi, responsável da Igreja Evangélica reformista de Angola, citado pela Irin.

Segundo aquele religioso, pelo menos 1.142 casas foram destruídas devido às chuvas e o regresso às aldeias dos antigos refugiados está a pressionar as comunidades locais, com várias famílias a partilharem o mesmo teto.

"A população local, que trabalha maioritariamente na lavoura, foi severamente afetada, com as plantações de mandioca e de amendoim praticamente destruídas, pelo que não há comida suficiente para todos", acrescentou António Maiandi.

O Alto Comissariado da ONU para os Refugiados (ACNUR) retomou formalmente o repatriamento dos cidadãos angolanos que manifestaram a vontade de regressar a casa em novembro de 2011, depois de problemas logísticos e de outra ordem terem interrompido o programa iniciado em 2007.

Este novo programa de repatriamento resulta do acordo tripartido assinado em junho de 2011 entre os governos angolano e congolês democrático e o ACNUR, e que prevê o regresso a Angola de 43 mil pessoas.

Até agora já regressaram a Angola 1.552 refugiados, mas o processo foi interrompido em duas ocasiões: primeiro em novembro, devido às eleições na RDCongo e depois devido à quadra festiva do natal e Ano Novo, com o reinício previsto para o próximo dia 10.

Todavia, trabalhadores humanitários citados pela Irin consideram que a instabilidade pós-eleitoral na RDCongo possa provocar o aumento de novos pedidos de repatriamento.

As Nações Unidas tinham estabelecido dezembro de 2011 como data limite para o fim de estatuto de refugiados aos angolanos, mas devido aos atrasos verificados no processo e o elevado número de pessoas, o prazo foi alargado para 30 de junho de 2012.

A RDCongo acolhe mais de 100 mil refugiados angolanos, tendo 43.085 manifestado interesse em regressar ao seu país de origem.

No total, são cerca de 150 mil os angolanos que foram registados como refugiados nas Repúblicas Democrática do Congo, do Congo, da Zâmbia, da Namíbia e do Botsuana, sendo que 60 mil declararam vontade de regressar.

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