sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

Contrariando imprensa portuguesa, Carlos Veiga é peremptório: “NÃO SOU DA MAÇONARIA”



Liberal

O líder do MpD pensou tratar-se de uma brincadeira, mas confirma ser amigo de, pelo menos, um dos envolvidos numa história que está a animar os media lusos. Não é a primeira vez que políticos cabo-verdianos são associados a esta “sociedade discreta”… Pedro Pires também já foi tido como membro de uma loja maçónica

Praia, 6 de Janeiro 2012 – A notícia foi avançada ontem pelo diário português “Público”. O líder parlamentar do Partido Social Democrata (PSD), Luís Montenegro, que sustenta politicamente o governo de Pedro Passos Coelho, teria sido convidado, em Junho passado, a participar num jantar organizado pela loja maçónica Mozart49. Até aqui nada que interesse particularmente aos leitores cabo-verdianos… Porém, o referido repasto foi convocado, por email, por Nuno Manalvo. Ora, Manalvo é o autor da biografia política de Carlos Veiga, “O Rosto da Mudança em Cabo Verde”, e – segundo o jornal – o nome do líder do MpD constava na lista de convidados, como se pode ver pelo fac-simile da convocatória electrónica aqui reproduzido.

No texto da missiva, Nuno Manalvo deixa claro, ainda segundo o “Público”, que o jantar debate sobre Portugal é «’reservado’ a ‘membros da nossa casa’, a loja maçónica Mozart49, e com o objectivo de interagir ‘com o mundo profano’» …

A lista de convidados é extensa e abarca um leque de personalidades ligadas ao PSD e, também, ao Partido Socialista (PS), nomeadamente, altos quadros da Ongoing – um dos maiores grupos privados portugueses ligado aos sectores de telecomunicações, media e tecnologia, serviços financeiros, energia, infra-estruturas, imobiliário e serviços -, bem como políticos, jornalistas, académicos e até um ex-director de um serviço de informações e um ex-espião, num conjunto de cerca de 40 pessoas.

Segundo o diário português, «O jantar tinha como orador Joaquim Aguiar, do Grupo Mello, e seria moderado por António Saraiva, presidente da CIP [Confederação da Indústria Portuguesa – nr], tendo sido agendado para 4 de Julho, um mês depois das legislativas». E, como já se disse, Carlos Veiga era uma das pessoas a quem foi endereçado o convite.

VEIGA NEGA LIGAÇÕES

Contactado por Liberal, o presidente do Movimento para a Democracia começou por gracejar: «só pode ser uma brincadeira, nunca fui da maçonaria». Mas, ao mesmo tempo que rejeitou qualquer ligação à Mozart49, confirmou ser amigo de Nuno Manalvo, que conhece há vários anos, e alegou que o surgimento do seu nome só pode decorrer de um equívoco.

Por outro lado, Carlos Veiga considerou que «não faria sentido participar num jantar, fosse ou não da Maçonaria, em que o tema de debate era a situação em Portugal, além do mais, nessa data, como se pode comprovar, encontrava-me em Cabo Verde», rematou.

A notícia avançada pelo “Publico” está a criar grande polémica em Portugal, dado o alegado envolvimento de figuras do PSD e do PS com a Mozart49, porquanto – e segundo a edição online do “Jornal de Negócios” -, «As ligações à Maçonaria voltaram a saltar para a actualidade mediática depois de Teresa Leal Coelho, deputada social-democrata que tentou redigir um relatório comum sobre as secretas, no rescaldo da intercepção da lista de chamadas feitas por um antigo jornalista do ‘Público’, ter alegadamente admitido, numa primeira versão do documento, ‘influências maçónicas’ nos serviços de informação do Estado»…

Os rumores sobre supostas ligações à Maçonaria de políticos cabo-verdianos não são a primeira vez que vêm à baila. Anos atrás, foi referido que Almeida Santos – um histórico do Partido Socialista português – teria recrutado Pedro Pires para a sua loja maçónica – o Grande Oriente Lusitano (GOL) -, rumor que o ex-presidente de Cabo Verde nunca desmentiu.

SOCIEDADE DISCRETA

Mais do que secreta, tida como uma “sociedade discreta”, a Maçonaria congrega, segundo os seu propósitos originais, “homens livres e de bons costumes”, que entre si se denominam de “irmãos” e cultivam os grandes desígnios enunciados, mais tarde, pela Revolução Francesa de “Liberdade, Igualdade e Fraternidade”, alicerçados nos princípios da tolerância, filantropia e justiça.

O lado discreto, que ainda se cultiva, advém das perseguições a que foram sujeitos os seus primeiros membros, alvos preferenciais dos regimes despóticos que combatiam. Todos os membros são aceites por convite e sujeitos a um ritual iniciático que tem palco em local a que chamam Loja.

Dada a sua natureza discreta, não existem documentos que possam aferir com rigor o surgimento das primeiras lojas maçónicas, mas é de crer que, pelo menos, a Maçonaria – enquanto tal – tenha à volta de 300 anos, recebendo no seu seio homens – e, mais recentemente, mulheres – independentemente dos seus credos políticos, religiosos e filosóficos, de momento que sejam “humildes, livres e de bons costumes”.


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