Liberal - em O comentário do dia
«Nesta hora, num Estado de Direito Democrático muitos dirigentes já se deveriam ter demitido, em especial o Governador do Banco, a Ministra das Finanças e muitos dos quadros da BVC e de alguns bancos comerciais implicados», considera o leitor “Baltazar Moniz”, em comentário ao artigo de opinião “Será que este indesejável, lamentável e amargurado episódio, que pode afectar a BVC, era previsto e previsível?”
Ainda não chegamos ao veredicto que todos nós tememos neste país - que a nossa Bolsa de Valores (BVC) terá, pela inexistência de mecanismos apropriados, controlo, prevenção necessária e modelo operativo incipiente, servido para o rápido branqueamento de capitais. Pouco falta para tal. Lá chegaremos inevitavelmente. As entidades de supervisão – BCV e PGR, a seu modo - “cochilaram” convenientemente perante o sucesso da BVC (até o Primeiro-ministro batia vigorosas palmas e já veio prematuramente defender o seu braço direito nessa instituição de valores mobiliários). Muitas vozes terão, no entanto, alertado. Ninguém quis escutar. Num país, falho de liquidez, foi um paradoxo saber que as acções logo eram compradas e vendidas, através dos Bancos Comerciais, Empresas, a entidades privadas. Todos, mas todos, foram lucrando. A dimensão foi de tal maneira que não interessava mais o rating dos compradores (filtragem e monitorização), proveniência dos montantes e o próprio scoring das operações, via bancos comerciais na sua maior parte. Uma autêntica festa bunga-bunga! Em que até o mecanismo controlador, BCV, poderá ter participado. A gestão desta instituição tem apresentado sucessivas falhas no papel que lhe é atribuído pelo Estado (O Caso vergonhoso do BPN e o seu offshore crioulo – todos impunes em Cabo Verde - casos de cumplicidade, mobilidade e até fugas de informação entre o círculo fechado dos jovens gestores bancários, passiva cumplicidade do BCV com trocadores de divisas que pululam nas suas cercanias em chorudos negócios de lavagem de dinheiro e agora o mais vergonhoso das falhas – o caso do Presidente da BVC. Este o mais grave porque leva na génese da sua motivação o branqueamento de valores oriundos do narcotráfico. Meus Senhores, o caso reveste-se por ora de gravidade susceptível de consequências imprevisíveis para Cabo Verde, seu Governo e suas instituições. Nesta hora, num Estado de Direito Democrático muitos dirigentes já se deveriam ter demitido, em especial o Governador do Banco, a Ministra das Finanças e muitos dos quadros da BVC e de alguns bancos comerciais implicados. Só assim se poderia ter a tranquilidade que a PJ e a própria PGR poderiam levar esta ingente tarefa até ao fim. Doa a quem doer. O Primeiro-ministro falhou redondamente. Foi desculpando para já, até no seu Facebook, antecipadamente o seu “protegido”. E ainda nem a procissão chegou ao adro. Uma grande falha política!! Deliberada? Logo se verá pela andança das investigações. Caro José Pereira, como vê e bem tudo isto era de se prever. A imaturidade, ganância e rápido enriquecimento deram o tom à inépcia dos mecanismos fiscalizadores.
BALTAZAR MONIZ
(título da responsabilidade de Liberal)
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