quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

Davos: premiê britânico diz que taxa para transações financeiras é "loucura"



Marina Terra – Opera Mundi

Cameron disse que quer ver reduzido "o fardo da regulamentação na União Europeia”

Falando no 42º Fórum Econômico de Davos, na Suíça, o primeiro-ministro do Reino Unido, David Cameron, defendeu nesta quinta-feira (26/01) menos regulação do mercado financeiro e criticou a ideia de uma taxação para as transações financeiras. Para ele, a proposta, feita pela Alemanha e a França, se trata de uma "loucura".

O premiê se justificou citando estimativas da Comissão Europeia, segundo as quais 500 mil empregos seriam perdidos caso essa taxa seja adotada. Na Europa, 45 milhões de pessoas estão sem trabalho e um terço já busca emprego há mais de um ano. A taxa de desemprego, que bateu 8,8% em 2010, será reduzida para 7,7% em 2016, segundo a OIT (Organização Internacional do Trabalho).

Segundo Cameron, é justo que o setor financeiro pague sua parte e o Reino Unido "já faz isso" através de suas taxas a bancos e sobre as ações. A ideia apresentada pela Comissão estima redução do PIB (Produto Interno Bruto) da UE em 200 bilhões de euros por ano, corte de 500 mil funcionários e a previsão de saída de 90% dos mercados da UE.

Cameron disse que quer ver reduzido "o fardo da regulamentação na União Europeia”, evitando “barreiras inúteis ao comércio e aos serviços”. De acordo com Cameron, o BCE "poderia fazer mais" para solucionar a crise de endividamento soberano da zona do euro. As prioridades do bloco são a Grécia, o setor bancário e os programas de resgate, segundo o primeiro-ministro do Reino Unido.

Autonomia

A chanceler alemã, Angela Merkel, abriu o Fórum Econômico Mundial 2012 pedindo maior autonomia à União Europeia. No discurso, Merkel disse que os países europeus devem se mostrar dispostos a "ceder mais competências à Europa" para garantir o futuro do projeto.

Merkel que a crise financeira e econômica internacional aguçou os problemas estruturais da Europa, que não teriam surgido com a rapidez testemunhada se houvesse uma evolução contínua da integração continental. Segundo ela, esses problemas provocaram a queda da credibilidade do continente, especialmente na zona do euro.

A chanceler alemã pediu a alguns países europeus que melhorem sua competitividade, ao mesmo tempo em que se comprometeu a manter o princípio de solidariedade na UE. Ela garantiu o compromisso da Alemanha para enfrentar a crise do bloco, mas advertiu sobre o perigo de se sobrecarregar Berlim no processo de saneamento da zona do euro.

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