quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

Fidel critica cinismo dos EUA e União Europeia após morte de preso



Marina Terra – Opera Mundi

Ex-presidente comentou "campanha difamatória" desses países sobre Cuba

O ex-presidente de Cuba Fidel Castro criticou em artigo publicado nesta quarta-feira (25/01) as declarações feitas por países europeus e pelos Estados Unidos após a morte de Wilmar Villar, preso que faleceu na última quinta-feira (19/01). Intitulado "A fruta que não caiu", Fidel lembrou que Villar era um preso comum e condenou a ingerência nos assuntos internos cubanos.

“Não houve tal greve de fome. Era um preso condenado a quatro anos por agressão, um crime comum, devido aos ferimentos que provocou no rosto da própria esposa”, afirmou Fidel no texto. De acordo com Havana, Villar teve falência múltipla de órgãos derivado de um processo respiratório séptico severo que o levou a um choque por sepsia.

“Ocupem-se primeiro de salvar o euro se puderem, resolvam o desemprego crônico no qual padece um número crescente de jovens e respondam ao indignados, sobre os quais a polícia arremete e agride constantemente”, afirmou Fidel, em referência à profunda crise pela qual a Europa passa.

“O governo espanhol e a União Europeia em ruínas (...) devem saber o que os esperam. Dá pena ler nas agências de notícias as declarações de ambos quando usam mentiras descaradas para atacar Cuba”. Ainda sobre a Espanha, Fidel recordou os laços do atual governo do PP (Partido Popular) com o franquismo: "Hoje governam a Espanha os admiradores de Franco."

"Porque os meios de comunicação do império mentem tão descaradamente?", continuou Fidel. "Os que controlam a mídia estão determinados a enganar e brutalizar o mundo com suas grosseiras mentiras, pensando talvez que é o principal recurso para a manutenção do sistema global de dominação e espoliação fiscal."

"Bush e suas estupidezes imperaram por oito anos e a Revolução Cubana leva mais de meio século. A fruta madura não caiu no seio do império. Cuba não será mais uma força usada pelo império para dominar os povos da América. O sangue de [José] Martí não foi derramado em vão", concluiu o ex-presidente.

Críticas a republicanos

As eleições norte-americanas, marcadas para novembro, também foram tema da reflexão de Fidel. No mesmo artigo, ele classificou as primárias republicanas como uma competição de 'idiotices'.

O ex-presidente falou sobre o debate realizado na Flórida entre os pré-candidatos republicanos, em que a maioria lançou duros ataques a Cuba. Todas as respostas envolviam endurecer as sanções aplicadas contra a ilha há mais de 50 anos, com o pré-candidato Newt Gingrich falando mesmo em “atividades secretas” para derrubar Raúl Castro, irmão e sucessor de Fidel no governo cubano.

“Devo afirmar (…) que a escolha do candidato republicano para aspirar à presidência desse império globalizado e abarcador é – e estou falando sério – a maior competição de idiotices e ignorâncias que já escutei”, afirmou.

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